Vox não exige entrar no governo em Madrid, mas afirma-se como partido “decisivo”

Vitória do Partido Popular nas eleições na comunidade de Madrid deixa-o à porta da maioria absoluta. Vox garante “sim” à investidura sem reservas, mas avisa que Isabel Díaz Ayuso depende da extrema-direita para a governação.

vox,pablo-iglesias,pedro-sanchez,madrid,mundo,espanha,
Fotogaleria
Isabel Díaz Ayuso com o líder nacional do PP, Pablo Casado Mariscal
vox,pablo-iglesias,pedro-sanchez,madrid,mundo,espanha,
Fotogaleria
O líder nacional do Vox, Santiago Abascal, e a candidata do partido em Madrid, Rocío Monasterio Luca Piergiovanni

A tomada de posse de Isabel Díaz Ayuso como presidente do governo da comunidade de Madrid, após a retumbante vitória do Partido Popular espanhol na eleição regional de terça-feira, vai contar com o voto favorável do Vox.

O partido de extrema-direita anunciou que não irá abster-se, permitindo uma investidura à primeira votação, mas avisou que Ayuso terá de escolher entre o seu apoio e a abstenção dos socialistas do PSOE para conseguir aprovar as medidas mais importantes.

O líder nacional do Vox, Santiago Abascal, e a candidata do partido em Madrid, Rocío Monasterio, felicitaram Ayuso pelo “extraordinário resultado” obtido pelo PP na terça-feira. Uma vitória que também reclamaram como sua, em parte, por permitir “travar o assalto social-comunista à Comunidade de Madrid”.

“A Frente Popular sofreu uma derrota sem paliativos”, disse Abascal, esta quarta-feira, numa referência à aliança das esquerdas que venceu as eleições de Fevereiro de 1936 e que viria a ser substituída pela ditadura de Francisco Franco durante a guerra civil de 1936-1939.

Enterrando a dúvida sobre se o Vox iria condicionar o apoio a Ayuso a uma entrada no governo liderado pelo PP, Santiago Abascal afastou essa hipótese e disse que o partido “votará a favor da investidura da senhora Ayuso sem nenhuma dúvida”.

Apesar disso, sublinhou a diferença entre o apoio sem objecções à tomada de posse de Ayuso, e o eventual apoio às principais medidas do PP, com Monasterio a afirmar que o partido de extrema-direita “será decisivo” na governação da comunidade de Madrid.

O PP terá de escolher “entre o Vox e uma abstenção do PSOE”, disse Monasterio, antes de Abascal reforçar a ideia de que é Ayuso quem terá de decidir “se quer governar apoiando-se nos partidos de esquerda ou no Vox”.

Alternativa a Sánchez

Na manhã desta quarta-feira, a grande vencedora das eleições de terça-feira na mais importante comunidade do país disse que ia pedir “o apoio ou a abstenção” do Vox para a formação do novo governo regional. Poucas horas depois da vitória do partido histórico da direita espanhola, Ayuso declarou que o entendimento com a direita ultranacionalista “vai acontecer rapidamente e sem dificuldades”.

Ayuso disse que a sua prioridade é perceber que tipo de mandato lhe foi atribuído pelos eleitores na terça-feira.

“Tenho de perceber o aconteceu aqui, o que nos pediu o povo. Depois, temos de ter consciência de que esta esperança tem de ser recompensada com compromissos”, disse Ayuso, numa entrevista à rádio Cope, na manhã desta quarta-feira.

O PP obteve uma vitória clara nas eleições de terça-feira, com a entrada de 65 deputados no parlamento madrileno – mais do dobro dos 30 que tinha desde as eleições de 2019, e ficando a apenas quatro da maioria absoluta.

Com o desaparecimento do Cidadãos do futuro parlamento, o PP conta apenas com o apoio do Vox e dos 13 deputados que o partido ultranacionalista elegeu na terça-feira.

Com 65 deputados conquistados numa eleição que contou com uma participação superior a 70%, o PP e Isabel Díaz Ayuso podem governar sem estarem preocupados com a esquerda. Todos juntos, o PSOE (24 deputados), a coligação Más Madrid (24) e o Unidas Podemos (10) têm menos deputados (58) do que o PP.

Demissão de Iglesias

Para além de ter feito soar os alarmes no Governo de Pedro Sánchez, a vitória de Ayuso e do PP em Madrid levou à demissão do secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias – que saíra do executivo de Sánchez, em Março, para se dedicar em exclusivo a tentar impedir a reeleição de Ayuso e uma possível coligação do PP com o Vox.

Quanto às possíveis consequências do resultado do PP em Madrid para o futuro do Governo espanhol liderado por Pedro Sánchez, Ayuso disse que “houve uma mudança de tendência em Espanha”, mas salientou que prefere ser “prudente”.

“Esta ampla maioria tem de servir para animar uma alternativa”, disse Ayuso, ficando aquém de pedir eleições antecipadas, ao contrário do líder do Vox, Santiago Abascal.

Sugerir correcção
Comentar