Conversações sobre Chipre terminam sem acordo, diz António Guterres

O líder cipriota turco propôs que a ONU reconhecesse a República do Norte do Chipre, ideia liminarmente rejeitada pelo lado grego.

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As negociações decorreram em Genebra durante três dias STAVROS IOANNIDES / PIO / HANDOUT / LUSA

Três dias depois do início das negociações informais em Genebra, os líderes turcos e gregos não chegaram a um acordo sobre a situação de Chipre, dividido desde 1974, informou esta quinta-feira o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Ambas as partes concordaram numa nova reunião para encontrar pontos em comum “num futuro próximo”, no espaço de “provavelmente dois ou três meses”, esclareceu Guterres.

“A verdade é que, após os nossos esforços, ainda não encontrámos suficientes pontos em comum para permitir a retoma das negociações formais”, disse António Guterres numa conferência de imprensa em Genebra. “Como podem imaginar, não foi um encontro fácil”, continuou.

Ainda assim, o secretário-geral da ONU garantiu que não ia “desistir”, porque o seu objectivo é “lutar pela segurança e bem-estar dos cipriotas, dos cipriotas gregos e cipriotas turcos, que merecem viver juntos em paz e prosperidade”.

A ilha do Mediterrâneo ficou dividida em dois em 1974, após a invasão turca em resposta a uma tentativa de golpe por parte dos nacionalistas gregos com o objectivo de unir politicamente a ilha à Grécia. Mas a discórdia já vinha de trás e intensificou-se quando a administração conjunta da Grécia e Turquia se desmoronou com violência três anos depois de o Reino Unido ter concedido a independência em 1960.

As conversações em Genebra foram os primeiros esforços de negociação desde 2017 e a união do território como uma federação com duas zonas foi até recentemente o único ponto de concórdia entre os dois lados.

Contudo, Ersin Tatar, líder cipriota turco, propôs que o Conselho de Segurança da ONU reconhecesse a República do Norte do Chipre (RTNC), apenas reconhecido por Ancara. Tatar referiu que não havia motivo para levar a cabo negociações formais se a República do Norte do Chipre não fosse reconhecida: “Estamos a negociar uma solução com dois Estados”, disse, citado pela Reuters.

O líder cipriota grego, Nicos Anastasiades, rejeitou veemente a proposta: “Não há uma única hipótese de a Turquia ou os cipriotas turcos levarem isso avante”, afirmou Anastasiades. O também Presidente de Chipre, assim reconhecido internacionalmente, acrescentou que António Guterres “deixou claro que não poderia reclamar, como foi pedido pelos cipriotas turcos e pelo lado turco ao Conselho de Segurança, uma mudança nos termos de referência das negociações.

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