Turquia detém 532 pessoas por suposta ligação a Fethullah Gülen

Desde a tentativa de golpe de Estado fracassada, mais de 80 mil pessoas esperam por julgamento e pelo menos 150 mil funcionários públicos e militares foram despedidos ou suspensos.

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A operação governamental decorreu em 62 províncias da Turquia ERDEM SAHIN/EPA

As autoridades turcas detiveram esta segunda-feira 532 pessoas, sob suspeita de estarem ligadas ao imã Fethullah Gülen, acusado de ter orquestrado a tentativa de golpe de Estado em 2016, avançou a agência turca Anadolu. Entre os suspeitos encontram-se 459 militares no activo, de vários escalões.

A operação, que visa aniquilar a rede de Gülen, decorreu em 62 províncias. Em Istambul foi pedida a detenção de 258 suspeitos e, na cidade de Esmirna, foi ordenada a detenção de 274. Segundo a Anadolu, os suspeitos envolvidos comunicavam com a organização do imã através de telefones públicos ou de linha fixa. A operação também conseguiu identificar diferentes pessoas através de confissões, acrescentou a agência.

Ancara tem acusado os gulenistas de estabelecer um “Estado paralelo”, a partir do qual estariam a tentar retirar do poder o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) através da sua própria agenda e de membros infiltrados em várias instituições estatais, desde a Polícia ao sistema judicial, passando pelo Exército.

A tentativa falhada de golpe militar remonta a 15 de Julho de 2016, quando morreram cerca de 250 pessoas. Desde então, cerca de 80 mil pessoas esperam por julgamento e pelo 150 mil funcionários públicos e militares foram suspensos ou despedidos, de acordo com a Reuters. Apesar da acusação das autoridades, Gülen nega o envolvimento no golpe.

O alcance da perseguição movida por Ancara alarmou as organizações de Direitos Humanos, bem como os aliados ocidentais da Turquia, acusando Erdogan de levar a cabo uma purga para silenciar a oposição. O Governo, no entanto, afirma que as detenções vão ao encontro do Estado de Direito e do objectivo de retirar os apoiantes de Gülen das instituições estatais e de outras partes da sociedade.

Fethullah Gülen foi aliado político de Recep Erdogan até que alegados simpatizantes do imã terem aberto uma investigação sobre corrupção contra vários altos cargos do Executivo de 2013. Ficou conhecido pela criação de uma rede influente de escolas na Turquia e no estrangeiro, e está em exílio auto-imposto nos EUA desde 1998. Há vários anos que Ancara tem pedido a sua extradição, mas sem sucesso.

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