Moedas desvaloriza sondagem: “As pessoas estão cansadas desta governação”

Candidato autárquico acusa Medina de não ter uma estratégia clara para o Parque Mayer e defende projecto que alie a educação a usos culturais.

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Nuno Ferreira Santos

Pratos do dia no restaurante A Gina: arroz de cabidela e pataniscas de bacalhau. Prato do dia no Capitólio: um evento do PS. Prato do dia para Carlos Moedas: criticar a forma “casuística” como o Fernando Medina tem tratado o Parque Mayer e desvalorizar a primeira sondagem das autárquicas, que o coloca mais de 20 pontos percentuais atrás do candidato socialista.

Em dia de desconfinamento para os teatros, cinemas e outras salas de espectáculos, o candidato de PSD e CDS à Câmara de Lisboa esteve no que em tempos foi um coração cultural da capital. Não fossem as obras no Teatro Variedades, o parque estaria em absoluto silêncio. O Capitólio, renovado há poucos anos, preparava-se para receber um encontro partidário socialista. O Teatro Maria Vitória anuncia para Setembro o regresso aos palcos. Apenas A Gina permanece impassível.

“Desde que me lembro nada aqui aconteceu. Não podemos voltar daqui a quatro anos e ver o que aqui vemos”, disse Moedas. Acompanhado pelo actor Carlos Cunha e pelo presidente da Junta de Santo António, Vasco Morgado, que é filho e neto de artistas que fizeram carreira no Parque Mayer e tem há anos o sonho de transformar o espaço num pólo com escolas, teatros, museus, lojas e restaurantes, o candidato social-democrata criticou a forma “quase casuística” como se tem reabilitado o recinto.

“O que eu quero é um projecto no seu todo. Com Medina tem sido caso a caso. O Parque Mayer devia ser um bocadinho como uma cidade da cultura”, afirmou, subscrevendo a ideia de Vasco Morgado para o local e inscrevendo-a no seu propósito de criar em Lisboa “uma cidade dos 15 minutos”. Ou seja, a cidade onde basta uma pequena caminhada para encontrar o essencial à vida diária.

Há pouco mais de um ano, aquando do lançamento da Zona de Emissões Reduzidas da Baixa-Chiado (que entretanto foi suspensa), a câmara anunciou a intenção de lançar um concurso para “a reabilitação, requalificação e exploração do Parque Mayer”. Existe um plano de pormenor para o local aprovado desde 2012, mas o recinto continua arredado do circuito cultural lisboeta.

Na semana passada, a câmara aprovou a atribuição de um apoio de 335 mil euros a algumas salas de espectáculos da cidade (Maria Vitória incluído). O sector cultural, um dos mais duramente atingidos pelas restrições da pandemia, tem-se queixado regularmente de falta de apoios do Estado. Para Moedas, é o próprio sistema que tem de ser mudado. “O financiamento da cultura deve ser feito através das pessoas da cultura, sem que o poder político tome decisões”, defendeu.

Sondagens? “Com Medina não há desígnio”

Também na semana passada ficou a conhecer-se a primeira sondagem das autárquicas lisboetas, informando o semanário Novo que Fernando Medina obteria 46,6% dos votos e Carlos Moedas se ficaria pelos 25,9%.

O candidato do PSD e do CDS desvaloriza. “As sondagens dizem muito pouco daquilo que eu sinto na rua, da vontade de mudança que oiço. As pessoas estão cansadas desta governação da cidade. Quando olha para Medina, quando olha para Lisboa, não há desígnio”, comentou Carlos Moedas.

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