Militares detidos depois de um alegado golpe de estado no Níger

A dois dias da primeira transição democrática entre presidentes no Níger, o palácio presidencial foi alvo de um ataque. Militares foram detidos e na capital a calma já foi reinstaurada.

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Mohamed Bazoum, actual ministro dos Negócios Estrangeiros, vai tomar a posse do país no dia 2 de Abril. Joe Penney/Reuters

Um tiroteio nesta quarta-feira de madrugada no Níger, perto do palácio presidencial, levantou suspeitas de uma tentativa de golpe de estado, dois dias antes da tomada de posse do novo Presidente do país, Mohamed Bazoum.

O tiroteio em Niamey, capital do Níger, que começou às três da madrugada (hora local) e durou cerca de meia hora, seguiu-se a uma tentativa de ocupação do palácio por parte de uma unidade de uma base aérea sediada nas redondezas, segundo uma fonte de segurança citada pela Reuters.

Vários soldados foram detidos, tendo a situação ficado “sob controlo” pouco tempo depois, disse uma fonte à agência AFP, que também apontou para uma “tentativa de golpe”.

“Houve algumas detenções de membros do exército que estão por trás desta tentativa de golpe”, acrescentou, falando sob anonimato. Os restantes fugiram na sequência da resposta dos seguranças do palácio com tiros e bombardeios, segundo a Reuters. Uma investigação já foi iniciada a fim de avaliar o sucedido.

Testemunhas locais ouvidas pela agência de notícias francesa falam de “um tiroteio intenso, com armas pesadas e também leves”.

O Governo do Níger ainda não prestou declarações, pelo que ainda não foi oficialmente confirmado se houve uma tentativa de golpe militar – se assim for, será já o quinto golpe na história do país – ou se foi um ataque levado a cabo por grupos armados.

O Presidente, Mahamadou Issoufo, e Mohamed Baozum, que vai tomar posse no dia 2 de Abril, estão em segurança, garantiu no Twitter o ex-enviado dos Estados Unidos ao Sahel, J. Peter Pham.

A embaixada dos EUA no Níger referiu que vai manter as suas portas fechadas ao longo desta quarta-feira “devido aos tiros ouvidos na nossa vizinhança”.

Primeira transição democrática no país

Este tiroteio surge apenas dois dias antes da tomada de posse de Mohamed Bazoum, o primeiro Presidente do Níger a subir ao poder através de uma transição democrática, desde a sua independência do domínio francês, em 1960.

Mahamadou Issoufou, que não apresentou uma recandidatura e de quem Bazoum era o braço-direito, esteve à frente do país durante dois mandatos, depois do golpe de estado de Fevereiro de 2010 ter derrubado o então Presidente, Mamadou ​Tanja​.

O país africano atravessa actualmente uma dura fase de instabilidade, tanto pelos protestos em torno da eleição de Bazoum, que é acusada de fraude pelo seu principal opositor, e antigo presidente, Mahamane Ousmane, como também pela violência jihadista que o assola sobretudo na fronteira com Mali.

A eleição de Mohamed Baozum, que era o sucessor predilecto, foi confirmada na semana passada pelo Tribunal Constitucional do Níger, declarando-se “definitivos os resultados da segunda volta da sondagem presidencial de 2 de Fevereiro de 2021”, segundo Bouba Mahamane, o Presidente do Tribunal, citado pela Al-Jazeera. A primeira volta das presidenciais ocorrera em Dezembro de 2020.

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