Taiwan denuncia maior incursão já registada da aviação chinesa

Governo da ilha diz que 20 aeronaves entraram no seu espaço aéreo. Estados Unidos temem que a China esteja a ponderar assumir o controlo do Estado que considera ser parte do seu território.

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Os EUA temem que Xi Jinping considere que conseguir progressos em Taiwan seja fundamental para a sua legitimidade e legado ARIS MESSINIS/EPA

Vinte aviões militares chineses entraram na zona de defesa aérea de Taiwan, na maior incursão registada desde que o Ministério da Defesa de Taipé começou a divulgar os voos de Pequim sobre as águas entre o Sul de Taiwan e as ilhas Pratas, controladas por Taipé, no mar da China, no ano passado. “A China parece estar a passar de um período de contenção face ao statu quo para um período em que estão mais impacientes e preparados para testar os limites e arriscar até colocar a ideia da unificação”, diz um alto responsável dos Estados Unidos, citado pelo Financial Times.

Após a entrada de tantos aviões militares, no que é visto como uma escalada dramática das tensões no estreito de Taiwan, as forças aéreas taiwanesas mobilizaram mísseis para “monitorizar” a incursão.

A China tem aumentado as actividades militares perto da ilha que considera parte do seu território nos últimos meses, com Taipé a considerar que isso põe em risco a estabilidade regional, mas a presença de tantos aviões é rara: Taiwan diz que participam na missão quatro bombardeiros H-6K com capacidade nuclear e dez caças J-16, entre outros.

Estas operações acontecem depois de a força aérea da ilha ter suspendido as suas missões de treino, após a queda de dois caças, esta semana, e um dia depois de os EUA e Taiwan terem chegado a acordo para aumentar a cooperação entre as respectivas guardas costeiras.

Segundo o responsável ouvido pelo Financial Times, a Administração de Joe Biden prepara-se para “uma fase em que Xi Jinping, que vai entrar no seu terceiro mandato, poderá considerar que obter progressos significativos em Taiwan será importante para a sua legitimidade e legado”.

O alarme crescente na Administração Biden coincide com um aviso do almirante Philip Davidson, chefe do Comando Indo-Pacífico dos EUA, segundo o qual a China pode avançar para uma acção militar “nos próximos seis anos”. O seu previsível sucessor, John Aquilino, disse esta semana ao Congresso que “este é um problema que está muito mais próximo de nós do que muitos pensam”, notando as várias “acções agressivas” realizadas pela China, incluindo confrontos com a Índia na fronteira.

“Temos visto coisas que não penso que esperávamos”, disse Aquino no comité das Forças Armadas no Senado. “É por isso que continuo a falar em urgência. Devíamos estar preparados hoje.”

Kurt Campbell, o principal responsável pela política da Ásia na Casa Branca, ouvido também pelo FT, sublinha que é no Mar do Sul da China que Pequim “se tem comportado de forma mais assertiva”, mesmo que esteja com uma agressividade crescente em várias zonas. “Em nenhuma parte temos visto actividades mais persistentes e determinadas do que nas actividades militares e diplomáticas dirigidas a Taiwan”, sublinha.

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