Alemanha deve manter suspensão das regras de rigor orçamental em 2022

Maior economia da zona euro afasta-se pelo terceiro ano consecutivo das regras destinadas a travar o endividamento público. Esta quarta-feira, Berlim apresentará um orçamento rectificativo

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Angela Merkel e ministro das Finanças alemão Olaf Scholz Reuters/POOL

O Governo alemão vai suspender de novo em 2022 as regras constitucionais de rigor orçamental, devido à persistência da pandemia de covid-19, que continua a penalizar a economia, indicaram hoje fontes ministeriais.

A Alemanha prevê contrair 81,5 mil milhões de euros de novos empréstimos em 2022, afastando-se pelo terceiro ano consecutivo das regras destinadas a travar o endividamento, que impedem que sejam contraídos empréstimos anuais superiores a 0,35% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2021, Berlim vai contrair 240,2 mil milhões de euros de dívida, ou seja, um terço acima do inicialmente previsto em Dezembro. Será apresentado na quarta-feira um orçamento rectificativo em Conselho de Ministros.

O Governo alemão tinha sempre dito que queria regressar ao rigor orçamental em 2022, depois de uma suspensão das regras em 2020 e 2021. Agora, há a vontade de voltar ao equilíbrio orçamental em 2023.

Este adiamento deve-se à persistência da crise sanitária num país afectado por uma terceira vaga da pandemia e que ainda esta segunda-feira soube que o confinamento irá durar até 18 de Abril.

As previsões orçamentais tinham sido feitas com base em medidas de confinamento que estariam em vigor até 10 de Janeiro, esperando-se depois uma “normalização” progressiva, segundo fontes da imprensa citadas pela AFP.

O aumento recente das infecções faz com que a chanceler Angela Merkel tenha hoje novas reuniões com dirigentes regionais.

O país, que mantém as lojas de bens não-essenciais encerradas desde Dezembro, deve continuar a apoiar em larga escala a economia, o que penaliza o orçamento.

Desde o início da crise, Berlim concedeu mais de 114 mil milhões de euros de apoio às empresas, sobre a forma de pagamentos parciais de subsídio de desemprego, empréstimos com garantias e ajudas directas.

A Alemanha iniciou em Junho passado um vasto programa de relançamento e de investimentos para impulsionar a economia, após a primeira vaga da pandemia. Os gastos de investimento subiram 38% para 50,3 mil milhões de euros em 2020 e podem atingir 61,9 mil milhões de euros em 2021.

A despesa já fez com que a dívida pública subisse para 75% do PIB em 2021, mais 15 pontos desde o início da crise.

O Governo alemão prevê um crescimento de 3% em 2021 e um regresso a um nível anterior ao da crise a meio de 2022, após um recuo de 4,9% em 2020.

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