Jogadora de voleibol italiana foi despedida pelo clube após engravidar

Lara Lugli denunciou a situação nas redes sociais. A jogadora e o antigo clube, o Pordenone, estão a disputar judicialmente o caso.

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Lara Lugli, jogadora de voleibol italiana, foi despedida em Março de 2019 DR

Uma jogadora de voleibol italiana está a ser processada pelo clube que representa após ter engravidado. O caso gerou revolta e provocou a reacção de várias figuras da política do país, com a speaker do Senado, Maria Elisabetta Alberti Casellati, a descrever o caso como “violência contra as mulheres”.

A situação foi partilhada pela jogadora no Facebook no dia 7 de Março, tendo como mote o Dia Internacional da Mulher. Lara Lugli, jogadora de voleibol de 41 anos, assinou um contrato válido para a temporada 2018-19 e engravidou no decorrer da época. O Pordenone, clube em que a jogador era capitã de equipa, despediu-a em Março de 2019, após ter sido informado pela atleta da sua gravidez, considerando que a jogadora desrespeitou o contrato ao não avisar o clube da intenção de ser mãe. Lara Lugli viria a sofrer um aborto espontâneo em Abril, reclamando 2500 euros de salário pelo mês em que jogou antes de ser despedida.

O clube recusou e processou a jogadora, alegando que Lara Lugli escondeu a intenção de ter um filho para conseguir melhorar a sua situação salarial após o nascimento da criança. A jogadora acabou por publicar no Facebook alguns documentos judiciais, com as queixas apresentadas pelo clube.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, o Pordenone acusa a jogadora de “publicitar a sua situação de forma desproporcional”, bem como de “esconder o desejo de ser mãe”.

“Quando li os documentos judiciais fiquei tão zangada”, começou por dizer Lara Lugli em declarações ao jornal britânico. “Estou a jogar voleibol há 25 anos e sempre dei tudo — eles sabiam isso. Disseram que uma mulher de 38 anos deveria saber se queria um bebé e, portanto, deveria ter dito alguma coisa. Não só questionaram o meu profissionalismo como estão a comparar a gravidez a uma conduta ilícita e maliciosa — é uma coisa muito séria”, concluiu Lara Lugli.

Citado pela Ansa, agência de notícias italiana, o presidente do clube, Franco Rossato, garante que as notícias da gravidez da atleta foram recebidas, alegando que faziam parte do contrato cláusulas penalizadoras para a atleta em caso de incumprimento contratual. Rossato diz ainda que a acção judicial movida contra Lara Lugli foi apenas uma tentativa de proteger judicialmente o Pordenone, após a jogadora tentar receber o salário de Março. “Apenas quando recebemos a injunção de pagamento, objectámos e activámos os termos do contrato”, explicou o dirigente.

“Violência contra as mulheres”

O caso tem corrido as páginas dos principais jornais italianos e já chegou à esfera política. Citada pela Ansa, a speaker do Senado italiano, Maria Elisabetta Alberti Casellati, descreveu o caso como uma “violência contra as mulheres”, defendo que a maternidade tem “um papel pessoal e social insubstituível”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi di Maio, também reagiu à situação da jogadora, desta feita no Facebook. “Pensar que uma mulher é forçada a escolher entre uma criança e uma carreira já não é tolerável”, escreveu o governante.

Também o presidente do Comité Olímpico italiano, Giovanni Malagò, demonstrou publicamente a sua “solidariedade” com a situação de Lara Lugli.

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