Militares voltam a matar e ocupam hospitais na Birmânia

Várias organizações não-governamentais têm denunciado a violação dos direitos da população birmanesa por parte dos militares e apelam à comunidade internacional para combater a violência instaurada.

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Manifestantes montam uma barricada durante os protestos em Yangon, Birmânia LUSA/NYEIN CHAN NAING

Os protestos na Birmânia causaram mais três mortes, esta segunda-feira, de manifestantes que foram atingidos na cabeça e não resistiram aos ferimentos. Os protestos evoluíram para uma paralisação da actividade económica do país, numa tentativa de combater o golpe militar e a violência que foi instaurada, ao mesmo tempo que as forças militares ocupam escolas e hospitais.

A onda de repressão por parte dos militares tem escalado e a Polícia e o Exército têm sido acusados de disparar com o objectivo de matar civis. Segundo o diário britânico The Guardian, há relatos de tensão na noite de domingo, quando se ouviu o som de disparos de armas pesadas.

Os manifestantes atingidos faziam parte de um protesto sobre o qual a polícia disparou granadas e gás lacrimogéneo, e pelo menos três pessoas ficaram feridas.

Os media locais referem que as forças militares têm marcado presença em hospitais, escolas e universidades. De acordo com a Reuters há relatos e testemunhos de ocupação forçada de alguns edifícios em várias cidades do país, nomeadamente em Rangum, Mandalay, Monywa e Taunggyi.

A organização não-governamental Médicos pelos Direitos Humanos referiu, numa declaração citada pelo Guardian, estar “aterrorizada pela violência exercida pelo Exército birmanês”, referindo-se também à invasão e ocupação de hospitais públicos e ao recurso da força injustificada contra os civis.

“Se não era óbvio antes, é absolutamente claro agora: o Exército birmanês não vai parar de violar os direitos da população da Birmânia até que a comunidade internacional decida responsabilizar e prevenir estes actos”, continuou a organização.

Mas a população não desiste. Uma aliança influente de nove sindicatos apelou a uma “paragem total e extensa” da actividade económica de forma a tentar combater a ocupação militar, desde a agricultura, à construção, passando por lojas, fábricas, parando também as linhas ferroviárias e o sector bancário. “Estamos a apelar à adesão da greve até que a ditadura termine”, Moe Sanda Myint, presidente de uma das federações que marcam presença na greve, a de trabalhadores da indústria de vestuário. 

Domingo foi considerado um dos maiores dias de protestos, apesar da violência policial e militar que tem sido exercida. Cerca de 1.800 pessoas foram detidas só no domingo, de acordo com a Associação de Apoio a Presos Políticos.

Desde 1 de Fevereiro, quando os militares detiveram a líder de facto do país, Aung San Suu Kyi, e tomaram o poder, que a Birmânia tem assistido à intensificação de protestos e violência. O dia 3 de Março foi o mais sangrento, contabilizando 38 mortos, e desde o primeiro dia de protestos que foram mortas mais de 50 pessoas. 

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