O ridículo não morreu

O talento do deputado Ascenso Simões para o ridículo pode não ter morrido. A sua credibilidade, sim. Se tinha por propósito embaraçar a Nova Portugalidade, não conseguiu mais que embaraçar-se a si mesmo.

No artigo “O salazarismo não morreu”, lançado no PÚBLICO, o deputado Ascenso Luís Simões encarreirou uma série de categorizações sobre a Nova Portugalidade que não têm nenhum apoio nos factos, sendo ainda profundamente ofensivas do seu bom nome.

Quem conhece a Nova Portugalidade sabe que esta se empenha na defesa do património, da memória histórica e do patriotismo como seiva indispensável da cidadania. Trabalha pelo sonho de uma comunidade que, federal ou confederal, junte um dia sob instituições comuns os numerosos povos que têm na ligação a Portugal e na língua portuguesa o fundamento da sua identidade própria. Em completo contraste, o Sr. Simões faz no seu artigo o elogio da destruição de património histórico e mesmo de vidas humanas. Se “fascismo” há em Portugal, a ninguém escapará que é Simões quem publicamente faz, como os verdadeiros fascistas de outros tempos, o elogio da violência política e do apagamento totalitário do passado.

Consequentemente, ao contrário do que propõe o senhor deputado, a Nova Portugalidade não tem, nem poderia ter, qualquer intenção de peticionar a destruição ou remoção de qualquer memorial. Todas as suas propostas têm sido e sempre serão construtivas. Sirva como exemplo recente o caso da petição que promove para conservação dos brasões florais da Praça do Império. Este acto de mobilização cívica conta, a esta data, com a subscrição de mais de 14.000 pessoas, tendo entre signatários e apoiantes figuras de reconhecido mérito na sua intervenção pública. Como esta, as iniciativas da Nova Portugalidade pela cultura e património podem ser apoiadas por cidadãos de um lado ao outro do espectro político.

O talento do Sr. Simões para o ridículo pode não ter morrido. A sua credibilidade, sim. Se tinha por propósito embaraçar a Nova Portugalidade, não conseguiu mais que embaraçar-se a si mesmo. Para os milhões de portugueses que vêem no PS a expressão de uma esquerda urbana, civilizada e plural, as suas palavras terão surgido como a todos os títulos surpreendentes. Mais que nunca, é essencial que todos os patriotas, democratas e defensores da moderação repudiem a violência, física como simbólica, e deixem claro que as palavras de Simões, para lá de detestáveis, são incompatíveis com a cultura política das nações civilizadas.

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