Já morreram 31 pessoas no maior campo de refugiados na Síria desde o princípio do ano

O campo de Al-Hol alberga dezenas de milhares de deslocados e membros de famílias de jihadistas. ONU já tinha alertado para o aumento do nível de violência.

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No campo de refugiados Al-Hol vivem mais de 60 mil pessoas ALI HASHISHO/Reuters

Pelo menos 31 pessoas morreram no campo de Al-Hol na Síria, desde o início de 2021. O campo, situado no Nordeste da Síria, onde vivem dezenas de milhares de deslocados é controlado pelas Forças Democráticas da Síria, grupo de combatentes apoiado pelos Estados Unidos, composto maioritariamente por curdos. A ONU já tinha alertado para o aumento da violência e da deterioração das condições de segurança numas instalações sobrelotadas.

“Desde o início de 2021 foram mortas 31 pessoas, incluindo seis com um objecto cortante e outras abatidas a tiro”, afirmou Jaber Cheikh Moustafa, um responsável curdo do campo, à agência noticiosa AFP.

Nos últimos meses registaram-se diversos incidentes, alguns deles envolvendo membros ou simpatizantes do Daesh, incluindo ataques a guardas e a funcionários das organizações não-governamentais. Também se registaram várias tentativas de evasão. No sábado, deflagrou um incêndio que resultou na morte de seis pessoas, cinco delas crianças, de acordo com as autoridades curdas.

O agravamento da violência e o número crescente de mortes também vitimou trabalhadores humanitários, tendo obrigado os Médicos Sem Fronteiras a anunciar a suspensão temporária das actividades mo campo.

“Pensamos que células do Daesh estão por trás destas mortes (…) que se produzem em particular na secção reservada aos iraquianos e aos sírios”, acrescentou Moustafa, precisando que a maioria das pessoas mortas era iraquiana.

De acordo com um relatório da ONU que data de Fevereiro deste ano, especialmente no campo Al-Hol, a presença de jihadistas detidos, com as respectivas famílias, nos campos de deslocados das forças curdas constitui uma “ameaça latente”.

Segundo a ONU, no campo estão cerca de 62 mil pessoas, sendo que 93% são mulheres e crianças, principalmente sírios e iraquianos, e milhares de mulheres europeias e asiáticas com os seus filhos, casadas com membros do Daesh.

Os Médicos Sem Fronteiras dizem que o campo “não constitui um ambiente seguro e decerto não é um lugar apropriado para crianças”, resumindo que “o pesadelo tem de terminar”. Sem a organização, os serviços médicos no campo ficam interrompidos.

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