PCP quer apoios a 100% para pais “imediatamente e com efeitos retroactivos”

Jerónimo de Sousa lamentou que “PS, PSD e CDS-PP” tenham rejeitado a proposta do PCP que previa “o pagamento do salário a 100% a quem está em assistência a filhos até aos 16 anos, enquanto as escolas se mantiverem encerradas”.

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O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, insiste no pagamento intgral aos pais em teletrabalho LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O secretário-geral do PCP pediu este sábado ao Governo apoios a 100% para os trabalhadores que estão em casa com os filhos, pagos “imediatamente e com efeitos retroactivos”, e defendeu um plano de desconfinamento “sector a sector”.

Intervindo numa sessão pública, em Lisboa, Jerónimo de Sousa lamentou que “PS, PSD e CDS-PP” tenham rejeitado na Assembleia da República a proposta do PCP que previa “o pagamento do salário a 100% a quem está em assistência a filhos até aos 16 anos, enquanto as escolas se mantiverem encerradas”, devido à pandemia de covid-19.

“Voltamos a desafiar o Governo a resolver esta situação imediatamente e com efeitos retroactivos, sem discriminações e assegurando os apoios sociais a quem deles necessita e na medida dessa necessidade”, afirmou.

O líder comunista alertou para a “situação insustentável” de “quem tem de ficar em casa com os filhos” e “vê um terço do seu salário cortado”, e lamentou que, mesmo com as novas regras definidas recentemente pelo Governo, “só têm salário pago a 100% as famílias monoparentais ou em casos em que os pais podem alternar semanalmente ficar em casa a cuidar dos filhos”.

“A verdade é que há centenas de milhares de famílias para quem essa alternância é impossível, a começar pelas famílias dos trabalhadores essenciais, que se vêem assim empurradas para uma escolha perversa entre perder um terço do salário ou manter o teletrabalho cuidando das crianças”, alertou Jerónimo de Sousa, defendendo que as propostas do PCP que foram rejeitadas “resolveriam esta situação”.

O líder comunista falava na sessão pública “Salários, horários, saúde e família em teletrabalho”, que decorreu num jardim de Lisboa e que contou com a presença de cerca de 30 pessoas que cumpriram o distanciamento entre si e usaram máscara.

Antes de Jerónimo de Sousa, vários trabalhadores deram os seus testemunhos sobre a sua experiência com o teletrabalho.

No que toca ao combate à pandemia de covid-19, o secretário-geral do PCP salientou que “mais do que decretar estado de emergência em cima de estado de emergência, confinamento em cima de confinamento, o que é preciso é aplicar as medidas que no imediato travem a epidemia e que permitam mantê-la sob controlo a prazo”, entre as quais “reforçar as equipas de saúde pública, garantir o plano de vacinação, reforçar o Serviço Nacional de Saúde”.

Na opinião do comunista, para fazer face à crise social e económica, é necessário também “garantir apoios sociais a quem deles necessita, travar o desemprego, impedir falências”.

Reiterando que “o confinamento é uma excepção, não é solução”, e que o “custo social e económico do prolongamento do confinamento é insuportável para o país a curto, a médio e a longo prazo”, Jerónimo de Sousa defendeu que “é preciso planear e definir, área a área, sector a sector, como se regressa à vida, garantindo condições de segurança a todos”.

“É preciso definir as condições para que as actividades encerradas retomem o mais rapidamente possível nas escolas, nas actividades culturais e desportivas, no comércio ou na restauração. Este não é o tempo de o Governo poupar esforços e investimentos, é o tempo de planear e avançar decididamente para criar as condições para a retoma de todas as actividades”, considerou.

O líder comunista afirmou ainda que “é inadmissível, é uma contradição insanável, que os fascinantes avanços nos domínios da ciência e da técnica deixem de fora os trabalhadores, os seus direitos, em nome do lucro e da exploração”, frisando que o PCP irá continuar a lutar “até conseguir a justiça que se impõe nesta matéria”.

Em Portugal, morreram 16.276 pessoas devido ao novo coronavírus dos 803.844 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.

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