Para o FC Porto é hora de vingar a final dos 500 contos

Há quase 40 anos, o FC Porto era um “bebé” em finais europeias e a Juventus fez questão de o provar. Há, agora, um “dragão” mais batido, mas também menos poderoso no panorama europeu. Portugueses e italianos jogam nesta quarta-feira para os “oitavos” da Champions.

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Corona e Chiellini estiveram no FC Porto-Juventus de 2017 e estarão novamente no de 2021 LUSA/ESTELA SILVA
Deco e Davids no jogo entre as equipas em 2001
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Deco e Davids no jogo entre as equipas em 2001 LUSA
Dybala luta com Brahimi no Juventus-FC Porto de 2017
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Dybala luta com Brahimi no Juventus-FC Porto de 2017 Reuters/Stefano Rellandini
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Casillas e Buffon no último jogo entre portugueses e italianos Reuters/Stefano Rellandini

O FC Porto é, hoje, um clube batido em finais europeias e respeitado na Europa. Mas nem sempre foi. Como todos, um dia foi virgem nestas andanças – e foi nesse dia, no longínquo ano de 1984, que os jogadores portistas deixaram de ganhar 500 contos cada um, maquia prometida pelo clube em caso de triunfo na final da Taça das Taças. A culpa foi da Juventus – e, há quem diga, do árbitro desse jogo –, equipa que o FC Porto encontra agora, 37 anos depois, na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Esta história do passado já foi contada há dias no PÚBLICO, como antevisão deste jogo, pelo que, agora, o foco é o presente. E, no presente, os “dragões” têm para vingar os 500 contos perdidos e a taça deixada em Basileia nos anos 80.

Para o fazerem, terão de ser capazes de travar o “sonho europeu” há anos cunhado no coração dos adeptos da Juventus, cujo domínio interno não tem paridade no prisma continental. Nove campeonatos consecutivos depois, a equipa de Turim de bom grado trocaria a conquista interna pelo sucesso europeu – e não foi apenas para esmagarem em Itália que contrataram Cristiano Ronaldo, em 2018.

A Juventus vai numa sequência penosa de cinco finais da Champions perdidas desde a última conquista, em 1995/96, e está nas mãos do FC Porto prolongar, pelo menos mais um ano, a “via-sacra” dos que viajam desde o Norte de Itália.

Apesar de defrontar uma equipa poderosa e sedenta de uma conquista europeia, o FC Porto pode ter, nesta eliminatória, uma das melhores oportunidades que já teve para bater a Juventus. A equipa de Turim começou mal a temporada, depois pareceu encarrilar – defensiva e ofensivamente, o sistema de Andrea Pirlo estabilizou –, mas, no último jogo interno, na derrota com o Nápoles, voltou a mostrar uma face cinzenta.

Para essa falta de ideias muito contribuiu a saída precoce de Juan Cuadrado e, aqui, há uma boa notícia: o colombiano também não jogará frente ao FC Porto nesta primeira mão. A criatividade da Juventus tem passado muito pelos pés do ala sul-americano, que tem dado a magia e intensidade que no início da temporada faltaram à equipa de Pirlo. Cuadrado já leva 13 assistências para golo na época, seis delas na Champions – lidera o ranking.

Na antevisão da partida, Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, desvalorizou a ausência do colombiano, apontando que, provavelmente, jogará Chiesa, “que aparece bem em zonas de finalização”.

O técnico, que elogiou Cristiano Ronaldo, “o melhor do mundo”, mostrou-se ainda pouco crente numa eventual má forma da equipa italiana, depois do desempenho pálido frente ao Nápoles. “Nos últimos oitos jogos sofreu apenas dois golos. É uma equipa consistente e sólida, com jogadores que se conhecem bem e com uma mentalidade própria dentro da equipa e do clube. Recentemente, “só” ganharam 3-0 ao Barcelona”, lembrou, como “aviso à navegação”.

Do lado contrário, Andrea Pirlo também não embarcou no navio do favoritismo italiano. Desconfiado do FC Porto, o ainda jovem técnico italiano comparou a equipa portuguesa ao Atlético de Madrid, numa declaração em elogio às valências defensivas do adversário. “O FC Porto é uma equipa que defende bem. É muito compacta, ao estilo Atlético de Madrid, com duas linhas de quatro”, elogiou.

Por fim, importa mergulhar no perfil das duas equipas e perceber que padrões poderão ser úteis para analisar a partida. A Juventus é, das 32 equipas da Champions, a quinta mais frágil no jogo aéreo, uma via certamente a explorar pelo FC Porto, tradicionalmente bem preparado nas bolas paradas ofensivas.

Por outro lado, a Juventus é a quinta equipa em prova com maior percentagem de acerto no passe (87,6%) – algo que poderá justificar alguma prudência do FC Porto na pressão alta, já que não é fácil roubar a bola aos italianos.

Há ainda um dado curioso, que provocará um duelo de forças opostas: o FC Porto é a segunda equipa da Champions que maior percentagem de remates faz na chamada “pequena área” (12%, só superado pelo Real Madrid). Por outro lado, a Juventus é, das 32 equipas, a que… menos remates permite na sua “pequena área”. Alguém terá de ceder.

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