Parlamento moldavo rejeita Governo pró-Europa e a Presidente Sandu agradeceu

Maia Sandu diz que as eleições antecipadas vão permitir reconfigurar o órgão legislativo onde os socialistas pró-Kremlin estão em maioria.

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Maia Sandu Reuters

O Parlamento da Moldávia rejeitou o Governo pró-Europa proposto pela Presidente, abrindo caminho para eleições antecipadas que a chefe de Estado considerou uma oportunidade para medir forças com o Partido Socialista pró-Rússia.

Antiga economista do Banco Mundial, Sandu venceu as presidenciais de Novembro do ano passado - que disputou com o chefe de Estado na altura Igor Dodon -, prometendo combater a corrupção e sobretudo abrir um capítulo novo nas relações do país com a União Europeia.

A Presidente tem acusado o Parlamento, dominado por deputados alinhados com Dodon, de tentar sabotar a sua actuação e considera que a antecipação das eleições são uma forma de consolidar o seu mandato e poder aplicar o seu programa.

Sandu nomeara em Janeiro Natalia Gavrilita como primeira-ministra. Gavrilita, de 43 anos, era ministra das Finanças em 2019, quando Sandu chefiou o Governo moldavo que caiu em poucos meses ao não resistir a uma moção de censura.

“Não vim ao Parlamento pedir um voto de confiança, vim dar um passo em direcção das eleições antecipadas. Os cidadãos votaram pela dissolução deste Parlamento nas eleições presidenciais, quando elegeram Maia Sandu”, disse Gavrilita perante os deputados.

Segundo a lei do país, Sandu nomeia o candidato a primeiro-ministro, mas é o Parlamento que o aprova. Se os deputados rejeitarem a proposta do chefe de Estado duas vezes no espaço de 45 dias, o Presidente pode dissolver o Parlamento e marcar eleições legislativas.

A Moldávia tem estado nos últimos anos mergulhada na instabilidade devido a uma sucessão de escândalos de corrupção que incluem o desaparecimento de mil milhões de dólares do sistema bancário.

A eleição de Sandu foi uma derrota para a Rússia, que apoiou abertamente o Presidente Igor Dodon, tendo o Presidente russo, Vladimir Putin, apelado aos moldavos para votarem no candidato pró-Kremlin.

Numa altura em que vários governos de antigas repúblicas soviéticas enfrentam grande contestação, como é o caso da Bielorrússia, Moscovo pretendia manter a Moldávia sob a sua esfera de influência. Apesar da derrota de Dodon, o porta-voz do Kremlin, Dmiti Peskov, felicitou Sandu e expressou a vontade da Rússia em trabalhar de perto com a Presidente.

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