“Não quero perder um segundo com querelas ou fracturas internas”, diz líder do CDS

Francisco Rodrigues dos Santos viu a sua liderança desafiada, diz que foi vítima de perseguição por parte de “algumas franjas” do partido e afirma que “é preciso arrumar a casa”.

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O conselho nacional do CDS aconteceu este fim-de-semana LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Depois de um conselho nacional tenso que terminou com a aprovação de uma moção de confiança à direcção do CDS (por uma curta margem), o líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos, voltou a defender a sua legitimidade para continuar a representar o partido, sublinhando que a sua vitória “ocorreu há um ano, no congresso de Aveiro”, quando foi “eleito pelos militantes do partido”. Esta segunda-feira, em entrevista ao Jornal das Oito, na TVI, Rodrigues dos Santos queixou-se do boicote dos críticos internos à sua direcção e assegurou que, apesar de ter atirado a realização de um congresso para depois das eleições autárquicas, está “circunstancialmente na política”.

Francisco Rodrigues dos Santos afirma que, tal como “qualquer líder” político em Portugal, a sua continuidade “está sempre dependente dos resultados eleitorais”. O centrista acrescentou que, “se entender que os resultados não são satisfatórios” e que não tem “mais nada a oferecer” ao país, então será “o primeiro a ir embora”. No entanto, para já, tenta apagar os fogos do partido: “Não quero perder um segundo do meu tempo com querelas ou fracturas internas”, garantiu. “É óbvio que não vamos conseguir singrar lá fora porque o partido não consegue arrumar a casa cá dentro”, notou.

O centrista acredita que “o CDS é maior do que a soma da parte dos que o compõem”, mas avisa que “uma instituição dividida contra si mesma não consegue subsistir”. Ainda assim, rejeitou a declaração de óbito que está a ser traçada ao CDS e vincou que o partido tem “alma” e 47 anos de história, marcados por “uma direita social que sempre combateu os extremismos à esquerda e à direita”. “Todos os extremismos são maus, mas não ignoramos o descontentamento que existe na sociedade portuguesa. Esse descontentamento precisa de soluções razoáveis”, defendeu, alertando que, se não for dada voz a essas pessoas, “os partidos radicais e extremistas, por muito que sejam tresloucados e abjectos nas soluções que apresentam, como [as soluções] são as únicas são aquelas a que as pessoas se vão agarrar”, avisou. Por isso, o líder centrista diz que sente “o dever” de responder a este descontentamento e desencanto com o sistema político.

O líder partidário, de 32 anos, que chegou à liderança do CDS depois de ter sido líder da juventude partidária centrista, queixou-se de um “preconceito” e da “desconfiança crónica contra os mais jovens”. “Acham que os mais jovens não são capazes, não são qualificados e que não têm experiência”, declarou, antes de recordar alguns dos seus antecessores, que tiveram um papel forte na política desde muito jovens, como “Adelino Amaro da Costa, Freitas do Amaral, Manuel Monteiro, Paulo Portas”. Além disso, Rodrigues dos Santos sentiu que a sua vitória no congresso “foi difícil de digerir para algumas franjas dentro do CDS”.

O centrista afirmou também que “um jovem tem de ser avaliado pelo mérito, pela sua competência e provas dadas” e lamentou que em Portugal o mérito “valha pouco”. “A minha geração não quer subsídios, quer oportunidades para mostrar valor”, disse também sobre os jovens que enfrentam as dificuldades económicas trazidas pela pandemia.

Depois de ter afirmado que no último ano tem apostado “na renovação dos protagonistas do partido”, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu também a limitação de mandatos dos deputados “para que os interesses pessoais não se comecem a confundir com os interesses públicos”. 

Sobre a recente demissão de mais de uma dúzia de membros da direcção do CDS, Rodrigues dos Santos afirma que se trata de pessoas que não estavam afectas ao seu projecto originário, mas “a outras alas dentro do CDS”.

O líder centrista deixou também críticas ao Governo, que acusa de estar “mais preocupado em agradar aos seus parceiros à esquerda do que em responder aos problemas”. Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que não é tempo de discutir a política interna do seu partido e afirmou que se tem “centrado em pontos concretos na vida dos portugueses, nomeadamente neste combate à pandemia”, apresentando-se como o líder partidário com o discurso “verdadeiramente internacional”, como um “jovem” que fala “para os mais idosos que estão isolados e que não podem ser números, que precisam de ser tratados com a dignidade que merecem, pedindo mais medicamentos quando não os têm e cuidados paliativos, em vez de oferecer a eutanásia”.

Para um futuro pós-pandemia, Francisco Rodrigues dos Santos quer falar de Portugal como um país que seja competitivo do ponto fiscal e económico. “As empresas são o ventilador do nosso país”, declarou o líder centrista. Rodrigues dos Santos propõe a redução do número de escalões do IRS, baixar o IRC para uma taxa de 19%, redução dos impostos no primeiro emprego, diminuir o número de funcionários públicos (na área da Cultura e negócios, por exemplo).

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