Centro de Saúde Militar de Coimbra entre os 28 apoios de retaguarda à covid

Há uma panóplia de aproveitamentos, de pousadas de juventude a seminários, de hotéis a centros diocesanos, passando por residências universitárias.

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Descongestionar os hospitais é o objectivo do apoio de retaguarda Nuno Ferreira Santos

O Centro de Saúde Militar de Coimbra, o antigo Hospital Militar, é um dos 28 apoios de retaguarda para pacientes covid-19 nos 18 distritos do continente. Foi montado numa operação a “várias bandas”, envolvendo o Exército, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, o Centro Hospital e Universitário de Coimbra, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, a Segurança Social, a Cruz Vermelha e a Câmara Municipal da Cidade.

Os militares cederam o espaço e arcam com os custos de água, electricidade, gás e oxigénio, segurança e controlo de acessos e ainda podem facilitar recursos humanos de apoio. A ARS do Centro disponibilizou pessoal médico e de enfermagem, nesta fase através da Cruz Vermelha, e assegura a manutenção dos equipamentos e consumíveis médicos, e a distribuição dos equipamentos de protecção individual.

Por seu lado, a Segurança Social detém a coordenação técnica desta Estrutura de Apoio de Retaguarda (EAR). Por fim, a Câmara de Coimbra avançou com os custos de alojamentos do pessoal de saúde oriundo de fora do concelho.

Este esforço conjunto tem uma tradução prática. Desde 25 de Janeiro, já foram atendidos 14 doentes de covid 19 com alta médica e em fase de convalescença. Não há unidade de cuidados intensivos, mas 31 camas, 21 das quais com rampas de oxigénio, e uma estrutura clínica: dois médicos e uma equipa de 11 a 12 enfermeiros, à noite um clínico em prevenção e três enfermeiros no terreno. Por fim, em hotéis da cidade já foram registadas 150 dormidas, à média de 15 por dia.

Noutro equipamento das Forças Armadas transformado em EAR, a Base Aérea 11 de Beja, foram recebidos cinco doentes na tarde da passada segunda-feira, 1 de Fevereiro, provenientes do Hospital José Joaquim Fernandes da cidade alentejana. Este centro teve uma montagem idêntica ao Centro Militar de Coimbra, envolvendo o Serviço Nacional de Saúde, Segurança Social e Protecção Civil.

Na base aérea estão 68 camas para pacientes infectados por SARS-CoV-2 sem critérios de gravidade. O seu funcionamento segue o modelo já utilizado em Coimbra. Ou seja, os militares disponibilizam alojamento e alimentação, e a gestão é do SNS (que assegura o acompanhamento médico) em parceria com a Segurança Social e Protecção Civil (responsáveis pela estrutura de funcionamento). 

Segundo o Estado Maior-General das Forças Armadas, foram postas ao dispor do SNS e do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social várias estruturas. No tal, são 12 os centros de acolhimento de doentes em unidades militares dos três ramos, no continente e ilhas, com um total de 770 camas.

De acordo com a última contagem do Ministério da Administração Interna (MAI), são 28 as EAR montadas nos 18 distritos do continente e 234 os doentes já instalados nestas estruturas de retaguarda indispensáveis para aliviar a pressão nos serviços hospitalares. “Esta rede, complementar à constituída pelos municípios, é operacionalizada pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto da Segurança Social”, precisa o ministério de Eduardo Cabrita. Segundo os números do MAI, a capacidade máxima de assistência das EAR é de 2418 pacientes, tendo até agora acolhido 759.

O distrito do Porto tem quatro estruturas destas. Lisboa tem três, uma das quais instalada na denominada Casa dos Atletas da Federação Portuguesa de Futebol. Com duas, estão os distritos de Aveiro, Beja (além da da Base Aérea há outra na Pousada da Juventude) e Castelo Branco.

Em Setúbal existem outras duas, uma das quais oriunda da esfera militar - a Base Naval do Alfeite que funciona como apoio de retaguarda para a Área Metropolitana de Lisboa servindo também o distrito - e Viseu. Já Braga, Bragança, Coimbra - a instalada no Centro de Saúde Militar -, Évora, Faro, Guarda, Leiria e Portalegre são distritos com uma. Igualmente com uma contam os distritos de Santarém, Viana do Castelo e Vila Real. Numa panóplia de aproveitamentos, de pousadas da juventude a seminários, de hotéis a centros diocesanos, passando por residências universitárias.

O Governo alargou recentemente as valências das EAR, que podem também ser utilizadas excepcionalmente por pacientes internados em hospitais por condições clínicas não relacionadas com o SARS-CoV-2, com alta clínica, mas sem necessidade de internamento em unidade hospitalar ou em outra unidade de saúde.

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