Mina de ouro romana destruída em Vila Velha de Ródão por projecto de florestação

A destruição do património arqueológico tem sido comum, no concelho de Ródão e noutros, associados quase sempre a projectos agro-florestais, denuncia associação.

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AEAT

Uma antiga mina romana usada para a extracção de ouro, situada no concelho de Vila Velha de Ródão, foi alegadamente destruída devido a trabalhos de florestação, denunciou a Associação de Estudos do Alto Tejo.

“No local deparámos com a destruição do sítio arqueológico através da surriba para plantação de eucaliptos, tal como nos tinha sido comunicado”, explica, em comunicado enviado à agência Lusa, a Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT).

Esta organização não-governamental (ONG) refere que teve conhecimento da situação em meados de Janeiro, quando lhes foi comunicada a florestação do sítio da Cova da Moura, em Fratel. Tendo visitado o local pouco tempo depois e confirmado a destruição daquele sítio arqueológico.

À Lusa, o coordenador da AEAT, Jorge Gouveia, disse que a situação já foi denunciada à Direcção Regional de Cultura do Centro (DRCC).

“Esta área de elevada importância arqueológica consta no actual PDM [Plano Director Municipal] de Vila Velha de Ródão, tal como já constava no anterior e está registado no Portal do Arqueólogo (Direcção Geral do Património Cultural)”, afirma.

A AEAT refere que a identificação deste sítio arqueológico “em importantes documentos de ordenamento e gestão patrimonial fazia pressupor que este sítio arqueológico beneficiaria de alguma protecção”.

“Constatamos que os documentos vigentes de protecção do património não são suficientemente eficazes, muito pela falta de identificação e fiscalização”, sustentam.

A mina de ouro romana da Cova da Moura, no concelho de Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco, foi identificada como bem arqueológico na segunda metade dos anos 70 do século passado, por elementos da AEAT.

Na década seguinte, a área foi alvo de plantação de um eucaliptal, em parcelas próximas da mina romana.

“Actualmente restava da mina, uma das suas entradas, o escorial resultante da trituração do quartzo, no qual nem vegetação nascia, e áreas em cotas inferiores, com elevado potencial de solo para escavação e caracterização da referida mina”, explica a associação.

Adianta ainda que no espaço não intervencionado e na sua envolvência, foram recolhidos bases de pilões para trituração de minério, em quartzito, cerâmica de tipologia diversa de que destacamos tégula de cronologia Alto Imperial (romana) e um fragmento de uma taça em terra “sigillata” hispânica.

“Este tipo de crime, destruição do património arqueológico, tem sido comum, no concelho de Ródão e noutros, associados quase sempre a projectos agro-florestais. Os responsáveis por este crime patrimonial devem ser responsabilizados criminalmente, simultaneamente devem arrancar as árvores plantadas e custear trabalhos arqueológicos tendo em vista a caracterização do sítio”, conclui a AEAT.

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