Sturgeon promete referendo na Escócia caso consiga maioria nas eleições regionais
Primeira-ministra escocesa acusa Boris Johnson de ter “medo da democracia”. Sondagem do The Sunday Times diz que maioria dos eleitores da Escócia e da Irlanda do Nortee quer um referendo nos próximos cinco anos.
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, quer realizar um novo referendo sobre a independência escocesa caso o seu Partido Nacional Escocês (SNP) consiga conquistar uma maioria parlamentar nas eleições de Maio.
“Eu quero um referendo legal, é por isso que vou procurar a autoridade do povo escocês em Maio. Se me derem essa autoridade, é o que pretendo fazer: um referendo legal para dar o direito de escolha ao povo”, afirmou Sturgeon este domingo numa entrevista ao programa The Andrew Marr Show da BBC.
Logo após a União Europeia e o Reino Unido terem chegado a um acordo, no final de Dezembro, quanto ao futuro das relações entre Londres e Bruxelas, Nicola Sturgeon repetiu que o “Brexit" aconteceu contra a vontade da “esmagadora maioria” dos escoceses e admitiu a realização de um novo referendo.
As sondagens têm sido favoráveis às pretensões de Sturgeon, com a maioria dos escoceses a desejar que o seu país possa ser independente do Reino Unido e regressar à União Europeia.
Além disso, as sondagens apontam o SNP à conquista da maioria parlamentar nas eleições de Maio, com o partido de Sturgeon bem colocado para aumentar o número de parlamentares na sua bancada e para conquistar uma maioria absoluta que lhe escapa desde 2011.
Perante estas condições políticas favoráveis, Nicola Sturgeon anunciou que o SNP vai apresentar um plano de 11 pontos que tem como objectivo a realização de um novo referendo à independência da Escócia assim que a pandemia de covid-19 estiver ultrapassada, com o partido a garantir que “vai opor-se veementemente” a qualquer entrave do Governo britânico.
Boris Johnson, no entanto, não parece disposto a qualquer concessão, e no início deste mês chegou mesmo a dizer que deveria existir um intervalo de 40 anos (uma geração, especificou) entre referendos – o último realizou-se em 2014, com 55% dos escoceses a votarem contra a independência. Sturgeon diz que o primeiro-ministro britânico está com “medo da democracia”.
“Boris Johnson claramente teme o veredicto e a vontade do povo escocês”, afirmou Sturgeon na entrevista à BBC. “Se o SNP vencer as eleições escocesas dentro de alguns meses com a proposta de dar a escolha do referendo ao povo, que democrata a tentaria impedir?”, questionou.
As declarações de Sturgeon surgem no mesmo dia em que o The Sunday Times divulgou uma nova sondagem em que 49% dos escoceses dizem ser a favor da independência e 44% estão contra – os restantes 7% estão indecisos -, enquanto 50% desejam um referendo nos próximos cinco anos.
A mesma sondagem do jornal britânico concluiu que 51% dos inquiridos na Irlanda do Norte querem um referendo sobre a fusão com a República da Irlanda, apesar de 47% rejeitarem esta solução e apenas 42% serem favoráveis à reunificação.
Over 50% of people here support a referendum on unity in the next five years
— Michelle O’Neill (@moneillsf) January 23, 2021
There is an unstoppable conversation underway on our constitutional future
It is time for the Irish Government to step up preparations
We can overcome the barriers of partition and build a new Ireland
Michelle O’Neill, vice-primeira-ministra da Irlanda do Norte, do partido republicano Sinn Féin, reagiu no Twitter à sondagem e disse que há uma “conversa imparável em curso sobre o futuro constitucional” da região, defendendo que é preciso “construir uma nova Irlanda”.
Arlene Foster, primeira-ministra da Irlanda do Norte e líder do Partido Unionista Democrático (DUP), no entanto, rejeitou a possibilidade de um referendo nesta fase.
“Todos sabemos quão divisória seria uma consulta sobre a fronteira, e nós, na Irlanda do Norte, temos de estar unidos para combater a covid-19”, afirmou Foster à Sky News.