Nós não temos que provar nada ao vírus

A nossa única obrigação é sobreviver-lhe, individualmente, como comunidade e como democracia, o melhor que pudermos. Tratemos de nos empenhar nisso.

No dia 28 de setembro de 1918, a cidade norte-americana de Filadélfia insistiu em organizar uma parada civil para vender os chamados “títulos da liberdade”, certificados de dívida destinados a pagar as despesas da Iª Guerra Mundial. Cerca de duzentas mil pessoas lotaram a avenida principal da cidade. Três dias depois, começaram a lotar também os hospitais; dez dias depois, as morgues. A razão era de todos conhecida: a pandemia de gripe “espanhola” ou pneumónica que já tinha varrido o mundo na sua primeira vaga, na primavera desse ano. As autoridades de Filadélfia estavam bem conscientes de que a segunda vaga estava já em curso, mas avançaram com a marcha. Em resultado, a sua cidade tornou-se um dos epicentros da segunda vaga, que avançou para as cidades vizinhas. Uma semana depois, Nova Iorque fechava todo o tipo de lojas e impunha horários mais restritos aos teatros. Uma semana depois disso, eram os teatros que por iniciativa própria começavam a fechar por falta de público, lançando milhares de artistas no desemprego. E por aí adiante. Ler os jornais de 1918 e 1919 é, no respeitante à pandemia, como ler os jornais de hoje — com a diferença de que então não havia segurança social.

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