Armando Manzanero (1935-2020): morreu o rei da música romântica no México

Um dos nomes mais emblemáticos do bolero, estava internado com covid-19 desde a semana passada.

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Gladys Vega/Getty Images

Era considerado um dos nomes maiores do bolero, contagiante ritmo cubano que o México teve a sensibilidade de abrandar e transformar em canção romântica. O cantor mexicano Armando Manzanero morreu esta segunda-feira depois de vários dias internado no hospital, com um diagnóstico positivo de covid-19. Tinha 85 anos.

Nascido a 7 de Dezembro de 1935 na cidade de Ticul, Armando Manzanero Canché tinha apenas 15 anos quando compôs Nunca en el mundo, a sua primeira canção, que até à data já foi gravada em 21 línguas. Um ano depois, começou o seu percurso como instrumentista — foi durante muito tempo o pianista preferido de vários cantores e actores mexicanos, designadamente Pedro Vargas, Lucho Gatica ou Raphael.

Em 1965, o cantor ganhou o Festival de la Canción com Cuando estoy contigo, um dos seus temas mais emblemáticos, que certos ouvidos portugueses terão facilidade em reconhecer: o artista gaiense David Bruno utilizou-o como sample na faixa Mesa para dois no Carpa, do álbum O Último Tango em Mafamude, editado em 2018.

Com os anos, seguir-se-iam outros sucessos, como Somos novios, Voy a apagar la luz, Contigo aprendí, Esta tarde vi llover, No, Señor amor ou Corazón amigo. Ao lado de outras figuras das Américas — como Roberto Carlos, do Brasil, que nos anos 1970 cantou versões de vários temas do mexicano, nomeadamente Esta tarde vi llover, Yo te recuerdo ou Por fin mañana —, Manzanero, que presidia à Sociedade de Autores e Compositores do México e em 2014 venceu nos Estados Unidos o Grammy Lifetime Achievement Award, era considerado um dos reis do romantismo. Elvis Presley, Dionne Warwick, Tony Bennett, Alejandro Fernández e Christina Aguilera estão entre os nomes que gravaram covers das suas canções. 

O impacto do artista no país que o viu nascer foi tão forte que Andrés Manuel López Obrador, Presidente do México, encerrou repentinamente a conferência de imprensa que estava a dar quando soube da sua morte. “Enviamos os nossos pêsames aos seus familiares e amigos e a todos os cantores e compositores por esta perda tão lamentável para o mundo artístico — e já não quero continuar esta conferência de imprensa, que termina em seguida”, disse, despedindo-se dos jornalistas ao som da música Adoro, que Manzanero lançou em 1967.

Armando Manzanero havia sido internado com covid-19 na semana passada, na Cidade do México, poucos dias depois de fazer 85 anos. A sua última aparição pública aconteceu no dia 11 deste mês em Mérida, capital do Iucatão, onde inaugurou o Museu Casa Manzanero.

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