Pandemia “cancela” bananeiro de Braga: “Comer uma banana e beber um banano” só em casa

Em poucas décadas, tornou-se romaria. No dia da Consoada em Braga é tradição ir à Casa das Bananas, trincar o fruto e beber moscatel. Depois de avanços, recuos e polémicas, a pandemia cancelou o bananeiro.

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Bananeiro Braga (Arquivo)
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Bananeiro Braga (Arquivo)
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Bananeiro Braga (Arquivo)

A Casa das Bananas, onde nasceu a tradição de “comer uma banana e beber um banano” no dia da Consoada, ainda quis manter o costume, já que as regras impostas pelo Estado de Emergência para a noite de 24 de Dezembro autorizam o comércio e a restauração a manterem portas abertas até à 1h. Mas a polémica estalou e a autarquia de Braga prometeu fiscalização cerrada contra possíveis ajuntamentos e “procedeu à suspensão extraordinária de espaço público de esplanadas abertas, cobertas e fechadas na zona pedonal do centro histórico da cidade” na véspera de Natal.

A loja acabou por recuar. “Após reunião com o sr. Presidente da Câmara Municipal de Braga e PSP, chegamos à conclusão que não teremos como controlar o público nem os possíveis ajuntamentos que normalmente ocorrem na véspera da ceia de Natal nas imediações do nosso estabelecimento”, escreve a Casa das Bananas na página de Facebook. “Decidimos que nesse dia iremos encerrar às 13h.”

Inicialmente, afirmando não ter “o direito de impedir a realização de uma tradição tão vincada”, a loja da Rua do Souto anunciava manter portas abertas até às 20h, “como sempre o fizemos nesse dia”, apenas para venda ao exterior, apelando a que, “dada a situação”, se cumprisse a tradição “de forma mais contida, em casa com as respectivas famílias”.

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Comer um banano, beber um banano... Casa das Bananas

Depois de criticar publicamente a realização do habitual convívio “bananeiro” nas redes sociais, que “colocaria muitos em risco e poderia projectar uma péssima imagem da cidade”, o presidente da autarquia, Ricardo Rio, voltou ao Facebook para lançar apelo semelhante: “Muitos farão seguramente como eu e o vereador João Rodrigues, deixando para casa o brinde do dia 24 com a banana e o moscatel que já fomos buscar”.

O alerta, contudo, mantém-se: “Quanto a todos os que ainda pensam celebrar na rua, reitero o aviso quanto à conduta de fiscalização rigorosa da PM e PSP, na Rua do Souto como em vários outros espaços que estão a publicitar iniciativas semelhantes”. Promete-se “intransigência” no cumprimento da lei do Estado de Emergência, que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas na via pública.

“Ao longo de todo o ano de 2020, os bracarenses não puderam usufruir de nenhuma das suas tradições. Da Semana Santa à Noite Branca, da Braga Romana ao São João, entre muitas outras iniciativas culturais, desportivas ou sociais”, relembra o autarca. “Não realizar o tradicional ‘bananeiro’ não será, nesse quadro, drama para ninguém.”

A tradição de comer uma banana e beber um cálice de vinho moscatel terá nascido nos anos 1970 de forma espontânea na Casa das Bananas, onde o proprietário aproveitava os pedaços da fruta mais madura para oferecer aos clientes com o copo de moscatel.

Alguns lojistas das redondezas terão começado a encontrar-se naquele espaço para um brinde de boas festas antes da noite da Consoada e o hábito pegou, tornando-se momento de encontro de emigrantes e locais, atraindo, nos últimos anos, muitas pessoas.

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