“A orquídea mais feia do mundo” é uma das novas espécies de 2020

Descoberta nas florestas de Madagáscar, a Gastrodia agnicellus tem flores pequenas e castanhas.

Foto
A orquídea Gastrodia agnicellus encontrada em Madagáscar Rick Burian

Normalmente, as orquídeas não são consideradas feias. Mas, este ano, os Reais Jardins Botânicos de Kew, perto de Londres, apelidaram uma nova espécie de orquídea como “a mais feia do mundo”. Descoberta nas florestas de Madagáscar, a Gastrodia agnicellus é uma das 156 espécies de plantas e fungos descritas pelos cientistas dos Reais Jardins Botânicos de Kew e os seus parceiros em 2020. E é uma das plantas no top 10 de 2020 dos jardins de Kew.

“As flores de 11 milímetros desta orquídea são pequenas, castanhas e bastante feias”, referem os Reais Jardins Botânicos de Kew na sua lista do top 10 das espécies descobertas este ano. A orquídea depende de fungos para a sua nutrição e não tem folhas ou qualquer outro tecido fotossintético. Embora esteja avaliada como uma espécie ameaçada, esta planta tem alguma protecção porque está localizada num parque nacional.

No top 10 estão ainda seis novas espécies de cogumelos do Reino Unido (uma delas encontrada perto do aeroporto de Heathrow); “um estranho arbusto” da Namíbia; uma colorida bromélia do Brasil; duas espécies do género Aloe descobertas em Madagáscar; a Diplycosia puradyatmikai, um arbusto parente do mirtilo na Nova Guiné; 19 outras novas orquídeas da Nova Guiné; uma nova erva de uma importante família de plantas medicinais; a Hibiscus hareyae de flores vermelhas, que foi descoberta online; e uma planta já conhecida por comunidades locais nos Andes, mas só este ano descrita oficialmente.

Foto
Tiganophyton karasense, arbusto descoberto na Namíbia DR

Relativamente ao arbusto da Namíbia, o botânico Wessel Swanepoel não conseguiu classificá-lo em qualquer género já conhecido. Por isso, contactou a equipa do especialista molecular dos Reais Jardins Botânicos de Kew para que fosse feita uma análise. Resultado: este arbusto não era só de uma nova espécie, a Tiganophyton karasense, como também de um de um novo género e família. Enquanto cerca de 2000 novas plantas são nomeadas para a ciência anualmente, novas famílias são publicadas apenas uma vez por ano. O arbusto tem umas estranhas folhas escamosas e cresce em salinas naturais extremamente quentes.

Martin Cheek, investigador nos Reais Jardins Botânicos de Kew, dá as boas-vindas a estas últimas descobertas naturais. “Algumas podem fornecer ganhos vitais para as comunidades, enquanto outras podem ter potencial no desenvolvimento de alimentos ou medicamentos no futuro”, considera. Mas também avisou: “Com duas em cinco plantas ameaçadas de extinção, temos uma corrida contra o tempo para encontrar, identificar, nomear e conservar novas plantas antes que desapareçam.”

Sugerir correcção
Comentar