Covid-19: Alemanha vigia grupo negacionista por ligações a movimento neonazi

Serviços secretos do estado de Baden-Württemberg começaram a acompanhar os passos do grupo Querdenken 711, que marcou uma manifestação para a noite da passagem do ano em Berlim. Extremistas do movimento Cidadãos do Reich também vão estar presentes.

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Os grupos marcaram uma manifestação para Berlim, na noite da passagem do ano HAYOUNG JEON/EPA

Os serviços secretos da Alemanha estão a vigiar as actividades de um dos grupos mais activos nos protestos contra as restrições decretadas por causa da pandemia. Conhecido como Querdenken 711, o grupo tem organizado manifestações em Berlim, Estugarda e outras grandes cidades alemãs, e foi posto sob vigilância pela sua proximidade a grupos neonazis e promotores de teorias da conspiração sobre as vacinas contra a covid-19.

Segundo a revista alemã Der Spiegel, os elementos do Querdenken 711 começaram a ser vigiados pelos agentes do Gabinete de Protecção da Constituição (BfV) no estado federado de Baden-Württemberg – o epicentro inicial dos protestos, em Abril, que depois se espalharam a outras zonas da Alemanha.

O BfV nacional e as suas agências estaduais velam pelo cumprimento da Constituição alemã e concentram-se no combate a ameaças à democracia. Como parte das suas competências, vigia grupos com tendências antidemocráticas – alguns de extrema-esquerda e outros de extrema-direita, o partido de extrema-direita NPD e a Igreja da Cientologia, entre outros.

No caso do Querdenken 711 (pensadores não conformistas, numa tradução livre; o 711 é o indicador telefónico da cidade de Estugarda, capital de Baden-Württemberg), os serviços de informação alemães detectaram sinais de uma proximidade cada vez mais evidente ao movimento neonazi Reichsbürger (Cidadãos do Reich).

Em separado, os dois grupos convocaram uma manifestação contra as restrições aos movimentos, em Berlim, na noite da passagem do ano. E os elementos de ambos os grupos surgiram noutros protestos, nos últimos meses, em que também participaram grupos que promovem teorias da conspiração e que apelam à recusa da vacinação por parte da população.

O movimento Cidadãos do Reich não reconhece a legitimidade do actual Estado alemão, que considera ser um país ainda ocupado pelos Aliados que venceram a Segunda Guerra Mundial. O BfV estima que o grupo tem 16.500 elementos em todo o país, com uma presença mais forte nos estados vizinhos da Baviera e Baden-Württemberg.

Os protestos contra as restrições na Alemanha por causa da pandemia multiplicaram-se nos últimos meses, desde que o Supremo Tribunal decidiu, em Abril, que os governos estaduais e o Governo nacional não podem decretar proibições totais ao direito à manifestação.

Na quarta-feira, a Alemanha registou a morte de 590 pessoas com covid-19, o que elevou o número de mortes desde o início da pandemia para 19.932.

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