Sobe para 10% a percentagem de portugueses em idade fértil que não quer ter filhos

Para os portugueses, uma família ideal compõe-se de 2,15 filhos em média. Mas, na realidade, não tencionam ir além dos 1,65. Porquê? Faltam estabilidade laboral e financeira. E subiram para 10% os portugueses que simplesmente não querem ter filhos.

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A flexibilização dos horários laborais para pais e mães com filhos pequenos surge à cabeça das reivindicações Paulo Pimenta (arquivo)

Subiu o número de portugueses em idade fértil que não têm nem querem ter filhos: 10%, segundo o Inquérito à Fecundidade de 2019, divulgado esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Porquê? Por falta de vontade e porque a maternidade ou paternidade não integram os respectivos projectos de vida, revela o inquérito. Em 2013, no último inquérito à fecundidade, este valor era de 7,3%. Sem surpresas, o número médio de filhos desejados desceu para os 2,15, abaixo dos 2,31 que constituíam a fecundidade desejada em 2013.

Ao longo destes seis anos, a fecundidade desejada, isto é, o número médio de filhos considerados como ideal, fica consideravelmente abaixo do número de filhos que as pessoas já tiveram ou que ainda tencionam vir a ter e que não vai além dos 1,69 filhos em média (eram 1,78 em 2013).

Para este desencontro entre as aspirações e a vida real contribuirá, entre outras contingências, o facto de homens e mulheres estarem a ter o primeiro filho mais tarde do que desejavam. Foi o que aconteceu a 58,5% dos homens e a 45,1% das mulheres.

No caso de 36% das mulheres, o adiamento da maternidade arrastou-se por cinco anos pelo menos. E, quando questionadas sobre os motivos pelos quais tiveram o primeiro filho tão mais tarde do que desejavam, a maioria apontou a ausência de estabilidade financeira e no emprego e as condições da habitação.

A necessidade de haver mais incentivos à natalidade é praticamente consensual entre os inquiridos (nove em cada dez). E a medida apontada à cabeça como mais facilitadora da maternidade e da paternidade insere-se no domínio das condições de trabalho, mais concretamente a flexibilização dos horários de trabalho quando os filhos são pequenos. O alargamento da rede e do acesso a creches, jardins-de-infância e ATL foi a medida referida como “mais importante” no contexto do acesso a serviços.

No tocante aos rendimentos das famílias, mulheres e homens divergiram nas opiniões: para elas, a medida apontada como mais importante foi “aumentar os subsídios relacionados com educação, saúde, transporte, habitação e alimentação dos agregados com filhos”, enquanto entre eles preponderou “a redução dos impostos”, incluindo o “aumento das deduções fiscais para quem tem filhos”.

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