Junta de Belém sente-se ignorada pela Câmara de Lisboa

Autarca lamenta que aconteçam coisas na sua freguesia sem que lhe seja pedida opinião. Supressão de lugares de estacionamento no Restelo foi um dos episódios recentes.

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Rui Gaudencio

O presidente da Junta de Freguesia de Belém queixa-se de ser ignorado pela Câmara de Lisboa sempre que esta tem de tomar decisões sobre a freguesia. “Nós não temos sido consultados em nada, é como se não existíssemos”, lamenta Fernando Ribeiro Rosa.

Um dos quatro presidentes de junta eleitos pelo PSD, Ribeiro Rosa diz que é “muito pressionado” pela população, sobretudo em temas de mobilidade e estacionamento, mas que muitas vezes ele próprio é apanhado de surpresa pelas decisões da câmara, gerida por um executivo PS-BE.

O caso mais recente deu-se há poucas semanas, quando uma parte de um parque de estacionamento junto às torres do Restelo foi repentinamente ocupado pela PSP, que para ali deslocou as viaturas rebocadas que tinha num terreno ao lado.

Em parte desse terreno, onde a polícia armazena há anos os automóveis que apreende nas ruas, está a ser construída a nova Unidade de Saúde Familiar (USF) do Restelo, uma obra gerida pela empresa municipal SRU, que autorizou a ocupação do parque vizinho. “Avançaram pela calada da noite, sem dizer nada a ninguém. Jogaram aqui pelo facto consumado”, afirma Fernando Ribeiro Rosa.

Gonçalo Matos, coordenador do grupo Vizinhos de Belém, um núcleo da associação de moradores Vizinhos em Lisboa, conta que “isto aconteceu do dia para a noite” e que foi “uma surpresa” para os residentes e frequentadores da zona, onde o estacionamento não abunda. Desapareceram 140 lugares.

O grupo lançou uma petição contra aquilo a que chama “a sucata da PSP” e, fruto de negociações com a câmara, arrancou esta semana uma obra que vai criar 42 novos lugares de estacionamento na Rua Gregório Lopes, a que se somam outras intervenções na zona para criar ainda mais lugares.

Apesar de os moradores quererem definitivamente ver pelas costas o parque dos rebocados, a PSP não tem intenção de se ir embora. “Não se prevê de momento a sua deslocalização”, disse o gabinete de relações públicas da polícia ao PÚBLICO.

A construção da USF implicou também a transferência de um posto de limpeza para um local provisório, mas a localização definitiva escolhida pela SRU é igualmente criticada por Ribeiro Rosa. “Foram escolher a Rua Conselheiro Martins de Carvalho, mesmo ao pé de casas. Aquelas pessoas vão sofrer com os cheiros, mas sobretudo com o barulho dos camiões. Se tivessem falado connosco teríamos dado pelo menos duas alternativas”, diz o autarca, repetindo a crítica à câmara: “Não fomos tidos nem achados, não acho isto normal.”

Notícia corrigida: foram 140 os lugares suprimidos no alto do Restelo e não 40, como erradamente se escreveu numa primeira versão do artigo.

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