Porto de Lisboa perdeu 646 escalas de navios até Setembro

O Porto de Lisboa continua a destacar-se pela negativa nos relatórios que acompanham o movimento portuário. Os portos do continente começaram a recuperar, mas ainda têm um comportamento negativo face ao ano passado

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Porto de Lisboa cancelou, até Setembro, 222 escalas de navios de cruzeiro Miguel Manso

No período compreendido entre Janeiro e Setembro escalaram nos portos do Continente 7033 navios, reflectindo um queda de 12,2%, ou seja, verificaram-se menos 979 escalas do que as verificadas no período homólogo de 2019. E o Porto de Lisboa é o principal responsável por esta diminuição, tendo recebido no período menos 646 escalas, incluindo cerca de 222 cancelamentos de escalas de navios de cruzeiro por efeito das medidas decretadas para combater a pandemia da covid-19. 

De acordo com o relatório de acompanhamento do movimento portuário, divulgado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), para além de Lisboa, também Douro e Leixões e Portimão cancelaram escalas de navios de cruzeiro, integradas nas diminuições totais de 108 (-5,5%) e de 56 (-91,8%) escalas, respectivamente.

De acordo com a AMT, os portos do Continente movimentaram, até Setembro, 60,7 milhões de toneladas, uma queda de 7,6% em relação a igual período de 2019. Ainda assim esta redução representa “uma recuperação de 1,2 pontos percentuais (p.p.)”, tendo em conta “o acumulado de Agosto”.

Analisando apenas o mês de Setembro, os portos de Portugal Continental registaram um aumento de 1,7%, em comparação com o mês homólogo de 2019. “Este crescimento foi impulsionado pela maioria dos portos, com destaque para Sines, mas acompanhado por Aveiro, Figueira da Foz, Setúbal e Faro”, salientou a AMT.

O organismo indicou que o comportamento dos portos do Continente foi “influenciado maioritariamente por Lisboa, que regista uma diminuição de 1,96 milhões de toneladas (-22,8%), e por Leixões com -1,66 milhões de toneladas (-11,2%). Sines, por outro lado, segue a recuperar progressivamente o volume de carga perdida, passando de -12,7% em Junho para -2,5% em Setembro. Pela positiva, merecem particular referência Faro e Figueira da Foz, os únicos a movimentar um volume superior ao registado em 2019, registando, respectivamente, mais 35,5% e mis 2%”, destacou a AMT.

No que diz respeito aos mercados de carga, o do “carvão tem vindo a registar um forte condicionamento ao longo deste ano, na sequência da significativa redução da actividade das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, que se traduz numa diminuição de 2,2 milhões de toneladas, correspondente a -82,2%, no período de Janeiro-Setembro” disse a AMT.

Também os produtos petrolíferos, outros granéis sólidos, produtos agrícolas e carga fraccionada “registaram expressivas variações negativas, de, respectivamente, -1,76 milhões de toneladas, -402,3 mil toneladas (mt), -303,5 mt e -277,3 mt”, de acordo com o comunicado.

Em sentido contrário, com comportamento positivo, “assinalam-se os mercados da carga contentorizada e dos minérios, que observam acréscimos respectivos de 376,7 mil toneladas e de 79,8 mil toneladas, sendo que a carga contentorizada, detendo a quota mais significativa que se eleva a 38,5%, foi fortemente influenciada por Sines que fecha o período de Janeiro a Setembro de 2020 com um volume superior em mais 1,57 milhões de toneladas (mais 12,1%) ao do período homólogo de 2019”, disse a organização.

Este desempenho anula “a variação negativa de quase -1,48 milhões de toneladas apurada em Lisboa (-41,3%), que vem registando variações mensais homólogas negativas desde Fevereiro”, de acordo com o organismo que assinala ainda os acréscimos em Setúbal e Leixões, de mais 16,5% e de mais 2,6%, respectivamente, “sendo que este último incremento conduz Leixões ao registo da melhor marca de sempre nos períodos homólogos”.

A AMT revelou ainda que Sines reforçou a liderança em Setembro, “com quota maioritária absoluta de 50,5% do total do movimento de carga movimentada, um acréscimo de 2,7 p.p. à do período homólogo de 2019, embora esteja ainda a -3,9 p.p. do seu máximo registado em 2016”.

Entre Janeiro e Setembro, o segmento dos contentores registou um volume superior a 2,05 milhões de TEU (unidade de medida de contentores), uma queda de 1,4% face a 2019, disse o regulador.

“Este comportamento resulta dos desempenhos positivos dos portos de Sines, Setúbal e Leixões, com variações respectivas de mais 89,9 mil TEU (8,3%), de mais 17 mil TEU (15,9%) e de mais 6,2 mil TEU (1,2%), que, no entanto, não conseguiram anular as variações negativas de Lisboa e da Figueira da Foz, que atingiram respectivamente -136,7 (-38,7%) e -4,5 (-27,5%) mil TEU”, segundo o comunicado. O porto de Lisboa tem vindo a registar variações mensais homólogas negativas desde Fevereiro, “devidas em boa parte ao clima de instabilidade laboral, decorrente de persistentes pré-avisos de greve dos trabalhadores portuários”, lê-se no relatório da AMT.  

No que diz respeito ao número de escalas de navios, o “conjunto dos portos registou nos primeiros nove meses deste ano um total de 7033 escalas, um recuo de 12,2% (-979 escalas no total) face ao período homólogo de 2019”, sendo que “este comportamento global resulta de diminuições do número de escalas observadas na maioria dos portos, mas sendo fortemente condicionado pelo porto Lisboa” que regista uma diminuição de 664 escalas (-34,7%), “incluindo cerca de 222 cancelamentos de escalas de navios de cruzeiro por efeito das medidas decretadas para combater a pandemia”, segundo a AMT.

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