Quatro ciclistas, sete medalhas: no ciclismo português “já se corre para ganhar”

A selecção nacional participou nos Campeonatos da Europa de pista, em Plovdiv, na Bulgária. Quatro ciclistas amealharam sete medalhas, duas delas de ouro.

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Os ciclistas portugueses na final de madison, na Bulgária LUSA/FOCKE STRANGMANN

João Almeida e Rúben Guerreiro espantaram o mundo na Volta a Itália. Com desempenhos surpreendentes, apresentaram o “aperitivo” para o que o que estaria por vir nos Europeus de pista. Em 2020, na estrada ou na pista, o ciclismo português já corre para ganhar e não apenas para participar.

Quem o diz é Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), que classificou como “exibição de luxo” o desempenho dos quatro ciclistas nacionais nos Europeus de pista, na Bulgária, onde selecção nacional conquistou sete medalhas, duas delas de ouro.

O dirigente esteve nesta segunda-feira na recepção aos atletas Iuri Leitão, Ivo e Rui Oliveira, e Maria Martins, no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e mostrou orgulho “por mais uma grande afirmação internacional do ciclismo português”.

“Foi a melhor prestação de sempre dos nossos ciclistas num Campeonato da Europa (…) estamos perante uma nova geração de corredores com grande qualidade. Neste momento, já encaramos as competições internacionais para disputar [títulos], em vez de apenas participar, como acontecia no passado”, disse Delmino Pereira.

“Um sonho tornado realidade”

Iuri Leitão, o mais laureado da comitiva, com os títulos de campeão europeu de scratch, vice-campeão de eliminação e terceiro classificado na vertente omnium, falou de um sonho tornado realidade. “Têm sido dias inesquecíveis. Parti para este campeonato para fazer o melhor possível, e sair com três medalhas é muito gratificante e compensador”, começou por dizer.

O corredor natural de Viana do Castelo falou ainda “num sonho tornado realidade” e, mesmo confessando que nunca pensou sair deste Europeu com três medalhadas, espera que o resultado “possa abrir portas para conseguir mais êxitos”, depois de em 2020 ter representado a formação espanhola Supermercados Froiz, na vertente de estrada.

“Ainda não tenho equipa para o próximo ano. Já tive alguns contactos, mas vou esperar mais algum tempo e ver o que é melhor para mim, para poder conciliar a vertente de pista com a estrada e que, financeiramente, me permita fazer uma boa preparação”, partilhou.

Oliveiras falam do crescimento português

Já Ivo Oliveira, que compete ao mais alto nível na UAE Emirates e esteve recentemente em destaque na Volta a Espanha, considerou que os resultados obtidos pela comitiva lusa nestes campeonatos da Europa provam que Portugal está “a atravessar um bom momento de forma no ciclismo”.

“Mesmo com uma comitiva pequena fomos das selecções mais medalhadas e conseguimos um feito histórico. Creio que dificilmente poderia ter corrido melhor. Provámos que o ciclismo português tem muita qualidade”, disse o jovem natural Vila Nova de Gaia, que conquistou a medalha de ouro em perseguição individual e, em parceria com o gémeo, Rui Oliveira, arrebatou a de prata em madison.

Rui Oliveira, que também esteve na Volta a Espanha, confessou que não conseguiu recuperar tão bem fisicamente como o seu irmão, e, por isso, considerou que a medalha de prata conquistada “soube a ouro”.

“Toda a equipa acreditou em mim e o meu irmão deu-me apoio necessário durante a prova. Mostrámos que o ciclismo português está em alta, também com a prestação de outros corredores ao longo do ano”, disse o ciclista, que também compete, na vertente de estrada, na UEA Emirates.

Quanto a Maria Martins, que devido à pandemia de covid-19 não teve qualquer prova de estrada este ano, considerou que a medalha de bronze conquistada na vertente de eliminação, “tem um sabor ainda mais especial depois de meses tão difíceis”.

“Foi um ano complicado e um desafio constante, por isso este sucesso da equipa é muito positivo e com um sabor especial. Foi muito bom partilhá-lo com toda esta equipa fantástica”, disse a jovem natural de Santarém.

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