Alojamento com queda superior a 60% no volume de negócios de Setembro

A restauração recuperou de Agosto para Setembro, mas continuou a enfrentar quebra muito acentuada, próxima de 30%.

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O índice de volume de negócios do segmento do alojamento recuou de Agosto para Setembro Paulo Pimenta

O turismo foi o sector mais fustigado pelos efeitos da pandemia em Setembro, antes do agravamento da situação epidemiológica que levou o Governo a decidir impor novas medidas de confinamento.

No final do Verão e já nos primeiros dias do Outono, os sectores das agências de viagens, transportes aéreos e alojamento continuaram a apresentar quebras muito acentuadas, mostram dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O índice de volume de negócios do segmento do alojamento recuou na ordem dos 12% de Agosto para Setembro, mês em que o nível da actividade continuou 64,4% abaixo do valor de Setembro de 2019.

Só duas actividades apresentam uma quebra superior: o segmento das agências de viagem, operadores turísticos e actividades relacionadas, com uma descida de 85%, seguido pela área dos transportes aéreos, que teve uma contracção de ordem idêntica à do alojamento, com o mês de Setembro a registar uma quebra homóloga de 65,5%.

As estatísticas do INE estão ajustadas dos efeitos da sazonalidade e do calendário, e referem-se a um período anterior à decisão do Governo de reforçar as restrições nos 121 concelhos de maior risco de contágio do novo coronavírus.

Em termos globais, o índice de volume de negócios dos serviços diminuiu 12% em Setembro. Olhando para o alojamento, restauração e similares em conjunto, verifica-se que esta foi a secção de actividades que mais contribuiu para essa trajectória, pois aqui houve uma diminuição do índice em 39% em termos homólogos (pouco menor do que a quebra homóloga que se registara em Agosto, de 41%).

A restauração e similares conseguiu recuperar 5,9 pontos percentuais no seu índice de volume de negócios, abrandando a quebra. Mas, apesar disso, continuou a apresentar um dos desempenhos mais negativos, com uma redução de 29%. E como o alojamento sentiu aquela retracção de 64,4%, o conjunto destas actividades deu “o maior contributo” para a variação do índice global do INE.

A actividade dos transportes e armazenagem, que recuou quase 24%, “foi a segunda secção que mais influenciou o resultado agregado”. E “apesar de melhorar três pontos percentuais, o desempenho dos transportes aéreos continuou a ter o impacto mais negativo deste agregado”, ao registar a tal redução de 65,5% em Setembro.

O comércio por grosso, o comércio e reparação de veículos automóveis e motociclos diminuiu 4,7% face a Setembro do ano passado (menos do que a quebra de 6,1% registada em Agosto relativamente a Agosto de 2019) e, diz o INE, retomou “a tendência de recuperação que tinha sido interrompida” no mês anterior, apesar de a actividade de revenda por grosso a comerciantes ou a industriais (o chamado comércio grossista) ter caído 5,5%, a um ritmo superior ao que tinha acontecido em Agosto.

Depois das agências de viagens, transportes aéreos e alojamento, os sectores que mais caíram em Setembro na comparação homóloga foram actividades de consultoria, científicas e técnicas (as que não estão especificadas autonomamente noutras alíneas para efeitos estatísticos), com uma quebra de 35%, seguindo-se as actividades de aluguer (redução de 31%), a restauração (29%), o segmento que junta as actividades cinematográficas, de vídeo, de produção de programas de televisão, de gravação de som e de edição de música (descida de 23%) e a armazenagem e as actividades auxiliares dos transportes (contracção de 18%).

Também há algumas áreas que estão a apresentar quebras menos significativas (como a reparação de automóveis ou as actividades postais, com um recuo de 2%) e outras que conseguem uma melhoria na facturação, como são os casos das actividades relacionadas com edifícios, plantação e manutenção de jardins (sobe 16%), as telecomunicações (10%), as actividades de rádio e televisão (8%) ou a consultoria e programação informática e actividades relacionadas (5%).

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