Leonor Antunes cria instalação inédita no Museu de Arte Moderna do Luxemburgo

Joints, voids and gaps é o título desta mostra com curadoria da directora do MUDAM, Suzanne Cotter, e de Nelly Taravel, e que vai ficar patente ao público até 5 de Abril de 2021.

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A obra de Leonor Antunes estabelece uma relação com a recente exposição apresentada no Museu de Arte de São Paulo DR

A artista portuguesa Leonor Antunes, que representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza 2019, vai inaugurar este sábado uma exposição com esculturas recentes e uma instalação inédita no Museu de Arte Moderna do Luxemburgo (MUDAM).

Joints, voids and gaps (Junções, vazios e intervalos, em tradução livre) é o título desta mostra com curadoria da directora do MUDAM, Suzanne Cotter (ex-directora do Museu de Serralves), e de Nelly Taravel, ficando patente ao público até 5 de Abril de 2021.

De acordo com a descrição do museu, a artista portuguesa criou uma nova instalação, dando um olhar inédito às qualidades arquitectónicas do pavilhão Henry J. e Erna D. Leir, criado pelo arquitecto chinês Ieoh Ming Pei (1917--2019).

Para esta exposição, Leonor Antunes (Lisboa, 1972) criou um ambiente escultórico que ocupa o pavilhão e a passerelle de vidro de acesso. A instalação articula-se em torno de uma estrutura suspensa, em aço e cordas trançadas que tomam a forma hexagonal do pavilhão, e serve de moldura a um conjunto de esculturas recentes da artista. Entre elas, estará uma série de esculturas luminosas e um novo corpo de peças “trepadoras”, realizadas no local a partir de cordas e couro, enquanto, ao nível horizontal, a instalação inclui uma obra no solo criada pela artista a partir de motivos emprestados a uma série de pinturas da pintora brasileira Lygia Clark (1920-1988).

Esta obra no solo estabelece uma ligação de Leonor Antunes ao MUDAM e às suas recentes exposições no Museu de Arte de São Paulo (MASP), e na Casa de Vidro, dois edifícios concebidos pela arquitecta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992) naquela cidade brasileira. O título da exposição remete para o vocabulário arquitectónico desta criadora italiana, e para o seu uso dos vazios, intervalos e junções.

As esculturas de Leonor Antunes são frequentemente concebidas e instaladas em resposta a uma dada situação espacial, na qual intervêm a arquitectura e a história, e também a experiência física e sensorial do espaço. Os seus trabalhos alimentam-se de pesquisas sobre figuras poucos conhecidas da arquitectura e do design modernista, como por exemplo as arquitectas Eileen Gray (1878-1976), Egle Trincanato (1910-1998) e Carlo Scarpa (1906-1978), as designers Anni Albers (1899-1994) e Clara Porset (1895-1981) ou as artistas Lygia Clark e Mary Martin (1907-1969).

Leonor Antunes transpõe as formas, motivos e dimensões características do trabalho destes criadores para materiais e texturas como a corda, a madeira, o couro, a cortiça e o latão, empregando um vocabulário escultórico inspirado em técnicas e saberes artesanais. Trabalhando em vários níveis, usando tecido, bordados e costura, a artista cria ambientes compostos por lençóis e estruturas suspensas que “formam uma coreografia visual e escultórica que tece histórias no tempo e no espaço”, indica ainda o museu.

Esta exposição de Leonor Antunes está incluída num novo programa do MUDAM que convida artistas a criar obras para aquele pavilhão. A artista portuguesa fará ainda uma masterclass e um seminário com estudantes do departamento de arquitectura da Universidade do Luxemburgo, e uma conferência para lançamento do catálogo da exposição, editado pelo MUDAM em parceria com o Museu de Arte de São Paulo.

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