Um piquenique com dezenas de chefs no meio de cascatas e ruínas romanas

O festival Arrebita Idanha Bio juntou mais de duas dezenas de chefs nos cenários extraordinários de Penha Garcia e Idanha-a-Velha. A história, contada aqui, numa fotogaleria, através da câmara de Gonçalo Villaverde.

Fotogaleria

Quem olhasse do topo dos penhascos da aldeia de Penha Garcia para a ravina em baixo, onde, junto a um pequeno curso de água, se situam os moinhos de rodízio cuidadosamente preservados pelo senhor Domingos, diria que era impossível organizar um festival gastronómico ali. Como transportar chefs, comida, panelas, tachos, pratos, talheres e centenas de visitantes para um sítio de tão difícil acesso. Mas quando olhou pela primeira vez para o local, integrado na Rota dos Fósseis e inserido no Parque Icnológico (zona classificada pela UNESCO enquanto geomonumento do Geopark Naturtejo), Paulo Barata, da Amuse Bouche, a empresa que realiza os Arrebita Portugal (o primeiro aconteceu em Portimão entre 21 e 23 de Agosto) não teve dúvidas: só podia ser ali. 

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Quem olhasse do topo dos penhascos da aldeia de Penha Garcia para a ravina em baixo, onde, junto a um pequeno curso de água, se situam os moinhos de rodízio cuidadosamente preservados pelo senhor Domingos, diria que era impossível organizar um festival gastronómico ali. Como transportar chefs, comida, panelas, tachos, pratos, talheres e centenas de visitantes para um sítio de tão difícil acesso. Mas quando olhou pela primeira vez para o local, integrado na Rota dos Fósseis e inserido no Parque Icnológico (zona classificada pela UNESCO enquanto geomonumento do Geopark Naturtejo), Paulo Barata, da Amuse Bouche, a empresa que realiza os Arrebita Portugal (o primeiro aconteceu em Portimão entre 21 e 23 de Agosto) não teve dúvidas: só podia ser ali. 

Foto
Gonçalo Villaverde

Duas semanas depois, a 3 de Outubro, centenas de pessoas estão efectivamente a descer o desfiladeiro, por entre uma paisagem de cortar a respiração, até ao local onde vários chefs, incluindo os “estrelados” José Avillez (Belcanto, Lisboa, duas estrelas) e Rui Paula (Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira, duas estrelas), Louis Anjos (Bon Bon, Carvoeiro, uma estrela) e Diogo Rocha (Mesa de Lemos, Silgueiros, uma estrela) serviam pratos feitos a partir dos produtos biológicos e dos sabores da região de Idanha. Espalhados pelas rochas, com os moinhos como pontos de apoio para as cozinhas improvisadas, outros chefs apresentavam os seus pratos: José Júlio Vintém, do Tombalobos, em Portalegre, Luís Gaspar, da Sala de Corte, em Lisboa), Marlene Vieira, do Zunzum Gastrobar, também em Lisboa, Tiago Emanuel Santos, de Lisboa, Valdir Lubave, do Na Mesa do Chef, de Belmonte, e ainda o senhor Domingos, guarda e protector dos moinhos de Idanha, que cozinhou uma sopa de grão. 

No dia seguinte, 4, o cenário mudou — e o grupo de chefs presentes também. Foi no meio das ruínas romanas de Idanha-a-Velha que se serviram pratos como o arroz de borrego cozinhado no forno comunitário (por Alexandre Silva, do Loco, Lisboa, uma estrela, e do Fogo), bacalhau à Guincho, de Gil Fernandes, da Fortaleza do Guincho (também uma estrela), ou grão de vaca com lúcio perca, couve, nabos e papada de porco bísaro, por Filipe Ramalho do Basilli, em Monforte). 

Mas houve muito mais, desde a sopa de favas de Maria de Sousa da Casa da Velha Fonte, em Idanha-a-Velha, até à bifana Porcalhonha de Campo de Ourique, levada por Miguel Peres, do Pigmeu, em Lisboa. Participaram ainda Bernardo Agrela (A Praça, Lisboa), Rui Martins (Paparico, Porto), Hugo Brito (Boi Cavalo, Lisboa), João Cura (Almeja, Porto), André Magalhães (Taberna da Rua das Flores, Lisboa), Natalie Castro (Isco, Lisboa), João Sá (Sála, Lisboa, António Galapito (Prado, Lisboa), Mário Rui Ramos (Helana, Idanha-a-Nova) e o padeiro Mário Rolando, também de Lisboa.