Vila Nova de Gaia recebe festival internacional de dança Regards Croisés

O festival estreia-se em Portugal de quinta-feira a domingo, pela mão da Kale – Companhia de Dança, com três espectáculos no Armazém 22.

Foto
Peça da Kale no Armazém 22 Paulo Pimenta

Promovido desde 2012 pela Companhia Malandain – Ballet Biarritz e idealizado como um projecto que cruzasse espectáculos do País Basco em Espanha e França, a cooperação geográfica do festival Regards Croisés alargou-se a Portugal há três anos, quando a organização convidou a Kale – Companhia de Dança para participar em Biarritz.

“Tínhamos esta intenção de poder trazer este encontro de visões a Portugal e o festival iria começar em Março de 2020, mas a pandemia provocou o adiamento. Foi cancelado na véspera de iniciar, a três ou quatro dias. Foi um desmoronar de expectativas e vontades, mas não perdemos o foco de o organizar em 2020”, conta à Lusa a directora da Kale, Joana Castro.

O arranque oficial dá-se na sexta-feira, pelas 19h30, no gaiense Armazém 22, com o espectáculo Terras, da Kale, num trabalho que junta o coreógrafo português André Mesquita à basca Matxalen Bilbao e à companhia francesa La Tierce. Originalmente planeada para se estrear no Dia Mundial da Floresta, a 21 de Março, Terras apresenta-se como o próprio cruzamento de perspectivas que dá nome ao evento, pelos olhares diferentes dos coreógrafos, lançando “questões de sustentabilidade e ecologia” numa “dança contemporânea que é ao mesmo tempo vigorosa e virtuosa”.

Segue-se Cronique Diplomatique, no sábado, um “espectáculo para duas bailarinas que explora a ideia de corpos em negociação”, segundo pode ler-se na apresentação do festival. No domingo, a fechar, estará Mutu, de Miriam Perez Cazabon, uma “reflexão sobre a sociedade actual onde as relações pessoais estão sobredimensionadas enquanto os valores humanos estão em decadência”.

O adiamento devido à pandemia, admite a directora, “teve reveses a nível financeiro”, porque o investimento feito em Março teve de ser reinvestido agora, mantendo-se o apoio da Câmara de Gaia, mas em circunstâncias que “também estão alteradas” para a autarquia. Ainda assim, manteve-se toda a programação inicialmente programada, à excepção dos ensaios abertos, que eram três e agora será apenas um, em torno de Terras, na quinta-feira.

As oficinas programadas, criadas em torno da programação, são “uma oportunidade de podermos experienciar os espectáculos pelo corpo, em contacto directo com os criadores”, que orientam estas sessões com os interessados.

Regards Croisés é olhares cruzados, de diferentes pontos de vista, neste caso sobre a dança contemporânea. Esta edição tem imensas perspectivas cruzadas, desde a estética ao conceito e à linguagem da dança contemporânea. Uns são mais físicos, outros mais conceptuais. É muito interessante ver várias perspectivas, atinge vários gostos do público”, considera Joana Castro.

O Regards Croisés já agendou uma segunda edição portuguesa para Março de 2021 (dias 11 a 14), mês em que a Kale voltará a Biarritz com mais um espectáculo. O objectivo desta parceria também passa pela criação de uma “plataforma de apoio a jovens criadores”, que assim ganharão uma nova via de internacionalização, defende Joana Castro.

Sugerir correcção