Parlamento estreia na quarta-feira novo modelo de debates com o Governo

Por porpostas do PSD, os debates quinzenais foram substituídos por um novo figurino: um debate com o primeiro-ministro a cada dois meses, com o dobro do tempo, e feito em duas rondas de perguntas.

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rui gaudencio

O Parlamento estreia nesta quarta-feira o novo modelo de debates com o Governo aprovado antes do Verão, num formato que contará com a presença do primeiro-ministro para responder aos partidos sobre política geral. No último plenário da anterior sessão legislativa, PS e PSD aprovaram sozinhos o novo Regimento da Assembleia da República que, entre muitas alterações, terminou com o modelo de debates quinzenais com o primeiro-ministro em vigor desde 2008, substituindo-o por debates mensais com o Governo.

O novo modelo prevê que o debate com o Governo se desenvolva em dois formatos alternados: num mês, será com o primeiro-ministro sobre política geral e, no seguinte, sobre política sectorial com o ministro da pasta, podendo o chefe do Governo estar ou não presente. Ou seja, na prática, o primeiro-ministro só comparece obrigatoriamente no Parlamento para responder a perguntas sobre política geral de dois em dois meses.

Na quarta-feira, realiza-se o primeiro debate sobre política geral e terá uma duração total de perto de três horas (cerca do dobro dos anteriores debates quinzenais), com duas rondas em vez de apenas uma - como acontecia antes da revisão do Regimento da Assembleia da República.

Na primeira ronda, a ordem das perguntas será por ordem decrescente de representatividade entre os partidos não representados no Governo, começando pelo PSD até aos deputados únicos do Chega e da Iniciativa Liberal, e a última bancada a questionar António Costa será a do PS, que sustenta o executivo.

Os tempos globais de intervenção variam consoante a representatividade (PS e PSD têm nove minutos, BE sete e os deputados únicos 90 segundos, por exemplo) e cada bancada pode usá-lo de uma só vez ou por diversas vezes em cada ronda, através de um ou mais deputados. As deputadas não-inscritas não têm tempo para intervir nestes debates. Tal como acontecia nos extintos debates quinzenais, cada pergunta é seguida, de imediato, pela resposta do Governo, que tem tempo igual ao de cada bancada.

Na segunda ronda, repetem-se os tempos de intervenção de cada partido (cada ronda tem 89 minutos previstos), variando apenas a ordem de intervenção: a primeira pergunta irá alternando entre os vários partidos, por ordem decrescente de representatividade. Neste primeiro debate do novo modelo, caberá ao PS abrir a segunda ronda. Mais uma vez, o Governo terá de responder de imediato e os partidos gerem a forma e o modo de utilização do seu tempo total.

De acordo com o novo regimento, cabe ao primeiro-ministro a responsabilidade pelas respostas às perguntas formuladas no debate sobre política geral, “mas pode solicitar a um dos membros do Governo presentes que complete ou responda a determinada pergunta”.

O fim dos debates quinzenais mereceu a oposição dos restantes partidos e deputados únicos e teve também contestação nas bancadas do PS - votaram contra 28 deputados e cinco abstiveram-se, numa matéria sem disciplina de voto para os socialistas - e do PSD, em que, mesmo com a imposição de disciplina de voto por parte da direcção, sete deputados votaram contra.

António Costa já compareceu no Parlamento na actual sessão legislativa para um debate temático (que já existia na anterior versão do regimento), a pedido do Governo, sobre o plano de recuperação e resiliência, mas o formato assente em intervenções sucessivas causou alguma confusão, com o primeiro-ministro a responder a perguntas dos partidos só mais de uma hora depois do arranque da discussão.

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