Distribuição de deputados e falta de debate interno criticadas em reunião de bancada do PSD

Pedro Pinto falou queixou-se da falta de confidencialidade no acto de votar para a liderança do grupo parlamentar.

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Adão Silva disse não querer excluir ninguém na sua bancada Nuno Ferreira Santos

A primeira reunião da nova direcção da bancada do PSD foi marcada por críticas às alterações na distribuição de deputados por comissões parlamentares e à falta de debate interno, apurou o PÚBLICO. Adão Silva, eleito líder da bancada na semana passada, quis apaziguar os ânimos, assegurando que conta com todos.

Com agenda partidária no Algarve, Rui Rio esteve ausente da reunião em que uma das vozes mais críticas foi Pedro Pinto. O deputado desagrado pela forma como decorreu o acto de eleição da direcção por sentir que a confidencialidade não estava assegurada no momento de votar por se encontrarem câmaras de televisão ligadas. O ex-vice-presidente de Passos Coelho disse que caso a situação voltasse a repetir-se, daqui a dois anos, renunciaria ao mandato e usaria os dez minutos a que tem direito no plenário para denunciar aquilo a que chamou democracia interna musculada.

O ex-líder da distrital de Lisboa do PSD elogiou, no entanto, Rui Rio ao dizer que teve uma resposta correctíssima quando lhe comunicou a intenção de se candidatar à liderança da bancada, o que depois não se veio a concretizar.

Pedro Pinto foi um dos deputados que deixaram de estar efectivos em qualquer comissão na nova distribuição de deputados comunicada na passada terça-feira, já depois de Adão Silva ter sido eleito e suceder a Rui Rio na liderança da bancada. O deputado referiu-se ainda à perda de peso de alguns deputados mais críticos da direcção do partido, enquanto outros, mais próximos, fazem parte de quatro comissões ou mais. 

Essa nova distribuição levou outros sociais-democratas a condenarem as opções da nova direcção. Foi o caso de Margarida Balseiro Lopes, ex-líder da JSD, que condenou a retirada de Álvaro Almeida da comissão de Orçamento e Finanças, ficando apenas como membro da comissão de Saúde. Álvaro Almeida tinha-se demitido da coordenação das comissões de Saúde e Finanças em Junho passado em ruptura com Rui Rio. 

A deputada apontou ainda a falta de reuniões dos deputados (a bancada não se reunia desde Fevereiro) e de debate interno sobre as posições assumidas pelo PSD. Margarida Balseiro Lopes esteve entre os sete deputados que votaram contra o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro. Outro social-democrata que também votou contra essa alteração ao regimento foi Pedro Rodrigues, que foi retirado da comissão de Assuntos Constitucionais e da comissão de Trabalho, ficando colocado apenas na comissão da Transparência.

Ao que o PÚBLICO apurou, o deputado também condenou a falta de conhecimento das propostas de alteração ao regimento da Assembleia da República por parte dos parlamentares e disse ter registado que ninguém da direcção o abordou sobre a nova distribuição dos deputados nem sobre a sua presidência da subcomissão de Assuntos Prisionais, que também deixou.

Como ex-líder de uma comissão interna do PSD que elaborou propostas para a reforma do sistema político, a pedido de Rui Rio, Pedro Rodrigues disse esperar que o partido avance com propostas e que seria inusitado ficar à espera do PS. O deputado defendeu ainda que o PSD deve definir uma posição sobre a Iniciativa Popular de Cidadãos que propõe um referendo à eutanásia, uma ideia partilhada por Paulo Leitão, líder da distrital de Coimbra. Adão Silva anunciou, depois, a realização de um seminário sobre o tema.

A questão da distribuição dos deputados foi também levantada por Duarte Marques. O deputado assinalou discordar muitas vezes de Pedro Rodrigues mas considerou que a exclusão não resolve os problemas. Mas a principal crítica foi dirigida a Isabel Meireles, que é coordenadora do PSD na comissão de Assuntos Europeus, e que o deputado acusou de protagonizar todas as intervenções em plenário e todas as audições na última sessão legislativa, qualificando esse trabalho como mal feito. A situação levou-o a deixar o cargo de vice-coordenador da comissão, cargo que não foi ocupado por outro deputado. Neste ponto, Adão Silva disse que iria verificar a situação exposta, mas que era inaceitável e que seria corrigida.

Na sua intervenção final, o líder da bancada elogiou o grupo parlamentar - “fantástico” e disse não querer excluir ninguém. No final da reunião, Adão Silva não quis falar aos jornalistas.

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