Regresso às aulas: CDS fala em fracasso, PSD mostra-se preocupado com transporte escolar

A direita critica a forma como o regresso às aulas está a ser preparado e aponta lacunas.

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Rui Rio visitou a escola secundária D. Afonso Sanches, em Vila do Conde LUSA/RICARDO CASTELO

A uma semana do início das aulas, somam-se as críticas da direita em relação ao planeamento para o regresso do ano escolar feito pelo Governo. Do lado do CDS, o líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos, classificou de “fracasso clamoroso”. Já Rui Rio, líder do PSD, está “preocupado” com a questão do transporte dos alunos para as escolas, no arranque do ano lectivo, pedindo ao Governo medidas para mitigar possíveis contágios de covid-19 nessas deslocações.

“O planeamento para o regresso do ano escolar é um fracasso clamoroso por parte do Governo, porque gerou nas famílias um enorme receio e incerteza face à retoma das aulas presenciais”, declarou esta segunda-feira, Francisco Rodrigues dos Santos, à margem duma visita à 54.ª Edição da Capital do Móvel - Feira de Mobiliário e Decoração - Associação Empresarial de Paços de Ferreira, que está a decorrer na Alfândega do Porto.

Francisco Rodrigues dos Santos reiterou que não é com os apelos da ministra da Presidência, dizendo que as famílias podem estar “sossegadas e ter confiança, que os portugueses vão acreditar piamente e quase fazendo um juízo de fé nas suas palavras, quando a atitude do Governo corre completamente em sentido contrário”.

“Estamos a uma semana do início das aulas e há um conjunto de respostas que ainda não foram dadas pelo Governo”, criticou Francisco Rodrigues dos Santos, recordando que o CDS colocou na semana passada “seis perguntas” ao Governo, mas que pelo menos em quatro ainda não foi dada “uma única palavra”.

As questões que o líder do CDS refere que não foram respondidas pelo Governo estão relacionadas com o facto de ainda não haver respostas sobre as regras para os alunos “doentes de risco no âmbito da covid-19” e com “necessidades especiais”, ou as regras para o transporte [público ou escolar] dos estudantes para as escolas e ainda sobre quando vão ser entregues os computadores ou “tablets” para os alunos poderem acompanhar o ensino à distância.

PSD preocupado com os transportes escolares

Já Rui Rio está especialmente preocupado com o transporte escolar. Numa visita à Escola Secundária D. Afonso Sanches, em Vila do Conde, distrito do Porto, o líder social-democrata teme que o risco de contágio dos transportes públicos é mais alto do que nas escolas, se as escolas estiverem bem preparadas. Por isso, pede que haja coordenação entre as autarquias e os agrupamentos escolares.

“Penso que o Governo devia accionar mecanismos com as autarquias, para encontrar formas de transportar as crianças em segurança, pois nos transportes públicos normais é mais perigoso. A escola pode organizar-se o melhor que sabe, mas depois tudo pode “estragar-se” na questão dos transportes”, disse Rui Rio.

Sobre o planeamento do Governo para abertura do ano lectivo, o líder social-democrata considerou que “veio tarde”, temendo que algumas escolas, que não se tenham precavido, possam não estar preparadas para o retomar da actividade.

“Se as escolas ficaram à espera do Governo e não começaram a trabalhar a tempo e horas, agora não estarão em condições, porque o Governo planeou isto muito tarde. Não sei se estamos a tempo de abrir o ano lectivo em todas as escolas, espero que a maior parte dos agrupamentos estejam preparados”, partilhou Rui Rio.

Na visita a esta escola vila-condense, o presidente do PSD vincou a necessidade de um “equilíbrio nos números do pessoal auxiliar”, mostrou preocupação com “a faixa etária elevada do corpo docente” e notou a “falta de computadores”.

“Depois da promessa do primeiro-ministro, de que haveria computadores suficientes, vejo que isso não acontece. Vai dificultar o trabalho das crianças que, por qualquer razão, tenham de assistir às aulas em casa”, partilhou o responsável do PSD.

Sobre as medidas que vão ser aplicadas pelo Governo para a situação de contingência, que vigora a partir de 15 de Setembro, Rui Rio disse esperar que “sejam conhecidas depressa”, mas admitiu que possam ser ajustadas “uma ou duas semanas depois”.

“Devemos apertar as medidas dentro do que país suporta, porque voltar ao que fizemos, e bem, em Março e Abril [com o confinamento], Portugal e a sua economia não vai aguentar. Parar o país e pôr as pessoas em casa não será possível. Temos de ter bom senso e sentido de interesse nacional”, disse o presidente do PSD.

Rui Rio disse ainda que o combate à pandemia de covid-19 só será vencido, em definitivo, “se 70% da população já tiver contraído o vírus ou quando uma vacina surgir”, lembrando que neste momento o país está a apenas a “atrasar a propagação”.

“Até chegar a vacina, temos de procurar que o vírus se propague o mais lentamente possível. Não vale a pena criarmos ilusões de que o vamos levar a zero. O que país está a fazer é compreensível até vir uma vacina eficaz”, disse Rui Rio.

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