Há uma dança que começou na Argentina e está a alastrar-se pelo mundo... digital

Três jovens dançarinos argentinos criaram um concurso de dança digital como forma de os profissionais e os aspirantes a bailarinos continuarem a demonstrarem o seu talento. A competição alastrou-se pela América do Sul e já chegou ao outro lado do oceano Atlântico.

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Reuters/STAFF

As salas de espectáculo estão de portas fechadas pelo mundo inteiro e para fazer face à impossibilidade de dançar perante um público, três dançarinos sul-americanos criaram um concurso de dança digital — Stay Home and Dance Competition. O Instagram é o palco onde os participantes, sobretudo da América do Sul, mas que já alcançou a Itália e até Israel, demonstram o seu talento através de pequenos vídeos. De Portugal ainda ninguém se aventurou nesta competição digital.

A competição, aberta a todos, já chamou a atenção de centenas de concorrentes – alguns profissionais, outros ainda aprendizes. Um conjunto de profissionais da área avalia cada dança e os utilizadores da rede social podem também votar com “gostos”. O vencedor ganha um prémio no valor de 150 dólares (cerca de 125 euros). 

“Fomos apanhados de surpresa pela vontade dos participantes em serem vistos, de se expressarem e demonstrarem aquilo que lhes está a acontecer”, disse à Reuters o argentino Facundo Luqui, organizador do evento Stay Home and Dance Competition juntamente com outros dois dançarinos.

O concurso, que termina no próximo domingo, desafiou os dançarinos a criarem uma maior sensibilização sobre a pandemia, a fazer referência ao coronavírus e a homenagear um artista. “O que pensámos quando começámos este projecto foi que qualquer um podia participar”, acrescentou Luqui, de 23 anos, membro da companhia de ballet do Teatro Colón em Buenos Aires.

Ao longo de diversos vídeos com menos de um minuto, pequenos e grandes artistas demonstram as suas habilidades na área da dança, desde crianças com 9 anos, a bailarinas principais de companhias de dança.

Paz Schattenhofer, de 11 anos que estuda dança clássica, disse à Reuters que a sua actuação era uma homenagem à fotógrafa russa Yulia Artemyeva, que, através do seu trabalho, comparou as bailarinas às flores. “Adorava ganhar, mas na verdade é apenas para me divertir. É fantástico quando as pessoas “gostam” de nós [referindo-se aos likes] e que nos vejam. É como um palco.”

As artes performativas a nível mundial foram fortemente impactadas pela pandemia do coronavírus. As salas fecharam e as companhias de dança ficaram impedidas de actuar e de ensaiar. “Acho que a dança neste momento está a passar por uma grande crise”, disse Manuela Lavalle, de 24 anos, uma das organizadoras do concurso, que é dançarina de uma companhia nos EUA, mas que está a passar a quarentena na sua cidade-natal de Buenos Aires.

“É complicado, porque muitas companhias não têm os meios financeiros de que necessitam para sobreviverem. Acredito que o mundo da dança mude drasticamente e ainda não sabemos como, mas é uma questão de esperar e continuar a criar conteúdo até lá.”

Editado por David Pontes 

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