Centenário de Bernardo Santareno no III Encontro Internacional de Artistas Plásticos

A iniciativa Pictorin, com um formato alterado devido à covid-19, vai ter pintura ao vivo, exposições, visitas guiadas e performances.

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Bernardo Santareno DR

O III Encontro Internacional de Artistas Plásticos - Pictorin tem início esta terça-feira, em Santarém, numa edição dedicada ao escritor Bernardo Santareno (1920-1980), no âmbito do centenário do nascimento do dramaturgo escalabitano.

Durante o encontro, que vai decorrer até sábado, está prevista a pintura de um mural com o rosto do escritor, numa parede junto à rotunda Madre Andaluz. A pintura vai acontecer na quarta-feira, com o trabalho do pintor João Domingos a ser acompanhado pela leitura de textos do livro Nos Mares do Fim do Mundo, por elementos do Centro Dramático Bernardo Santareno.

O evento arranca esta terça-feira com uma “visita à Santarém de Bernardo Santareno”, que poderá ser acompanhada presencialmente ou através da aplicação Whatsapp para quem se inscrever previamente, com o percurso em directo a ser também traduzido em inglês, para os participantes estrangeiros.

Na quinta-feira, vai decorrer o PicTogheter, actividade realizada no Largo do Seminário (Praça Sá da Bandeira), juntando artistas e crianças, com um número limitado, devido às regras impostas pela pandemia da covid-19.

Para sexta-feira, está programada uma “performance multimodal”, no Fórum Mário Viegas, do Centro Cultural Regional de Santarém, com teatro, música e pintura, na qual participarão os artistas plásticos Filipa Carmo e André Esteves e o Centro Dramático Bernardo Santareno, estando ainda prevista a participação do saxofonista Pedro Santos Rosa.

No sábado, último dia do Pictorin, realiza-se, de manhã, no Jardim das Portas do Sol (ou no convento de S. Francisco, se a condições meteorológicas não forem favoráveis), o Concurso Prémio Mário Rodrigues. Às 16h00 será inaugurada a exposição Amigos do Mário, na Sociedade Recreativa Operária, em homenagem a um dos fundadores do Pictorin, o artista plástico Mário Rodrigues, que morreu em Outubro de 2018. Na exposição, patente até 26 de Setembro, estarão trabalhos de 16 amigos de Mário Rodrigues, com curadoria de António Amaral.

A exposição final do Pictorin será inaugurada às 18h00, no Círculo Cultural Scalabitano, onde ficará até 19 de Setembro, sendo mostradas, em vídeo-projecção, as obras realizadas à distância e um vídeo que retratará as várias fases do evento, criado a partir das transmissões online e das filmagens enviadas pelos participantes dos seus processos criativos.

Tendo estado em dúvida quando foi declarado o estado de emergência, os organizadores do Pictorin decidiram, com o levantamento das medidas de restrição mais severas, “fazer o possível” para que o evento acontecesse, mesmo com o formato alterado, devido à covid-19. Um dos elementos da comissão organizadora do Pictorin, Ana da Silva, disse à Lusa que o evento vai manter a grande maioria dos participantes nas edições anteriores, estando confirmados 12 artistas plásticos, metade dos quais estrangeiros. Este ano, porém, “cada um trabalhará a partir do seu espaço”, com algumas acções programadas em espaços públicos e outras a decorrerem online. “Não é o ideal, não é o que queríamos, mas não podíamos deixar de fazer, pois este é que é o ano em que se celebra o centenário de Bernardo Santareno”, afirmou Ana da Silva à Lusa.

O Pictorin tem acontecido no âmbito da programação de Verão In.Santarém, promovida pelo município, que este ano não se realizou, por decisão do executivo liderado pelo social-democrata Ricardo Gonçalves, tendo em conta que continuam a surgir novos casos de covid-19 no concelho. Por essa razão, o Pictorin não utiliza este ano o espaço da Incubadora d'Artes, onde ainda se encontra a escultura Refugiados, finalizada em 2018 por Mário Rodrigues. Num texto de homenagem ao escultor, a artista plástica Júlia Fernandes lamenta “o esquecimento” a que Mário Rodrigues foi votado, lembrando ainda o projecto “os cubos da calçada portuguesa”, que o escultor queria “devolver às ruas” do centro histórico e que “continua igualmente à espera”.

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