Hotel de 5 estrelas nas Caldas da Rainha atrasado pelo menos dois anos

Obras do empreendimento que aproveitará Pavilhões do Parque das Caldas da Rainha nem sequer começaram, nem têm data prevista de arranque.

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RIB Rita Baleia - publico

O hotel de cinco estrelas que o grupo Visabeira tencionava inaugurar em Dezembro deste ano nos Pavilhões do Parque das Caldas da Rainha está atrasado, pelo menos, dois anos e não tem sequer data para o início das obras. O investimento previsto é de 15 milhões de euros.

“O início das obras está condicionado a pareceres externos de diversos organismos sobre o projecto apresentado”, disse ao PÚBLICO Jorge Costa, administrador da Visabeira Turismo, Imobiliária e Serviços. O gestor diz que “os diferentes pareceres implicaram alterações ao projecto inicial, estando a decorrer a breve prazo sondagens geotécnicas”. Essas sondagens deverão ocorrer nas próximas semanas e resultam de exigências da Direcção-Geral da Energia e Geologia (DGEC), explicou ao PÚBLICO fonte oficial da Câmara das Caldas da Rainha. “Após as sondagens e as eventuais adaptações dos projectos daí resultantes, poderá ser aprovada pelo município a licença que permita iniciar a obra”, disse a mesma fonte.

Por esse motivo, tanto a câmara como a Visabeira não se comprometem com uma data para o início dos trabalhos. “Só após a emissão da licença de obras poderemos com rigor definir um calendário”, diz Jorge Costa. Questionado sobre se a pandemia do Covid-19 levou o grupo a repensar o projecto tendo em conta eventuais alterações das tendências do turismo, o administrador disse que “pelo que conhecemos, à data de hoje, o projecto deverá manter-se, eventualmente, com alguns ajustamentos”.

O projecto conta com os pareceres favoráveis da Direcção-Geral do Património Cultural e do Turismo de Portugal. Inicialmente previa-se que as obras durassem 23 meses. Em Setembro de 2017, quando a autarquia caldense assinou o contrato de concessão dos Pavilhões do Parque com a sociedade Empreendimentos Turísticos Monte Belo (do grupo Visabeira), a expectativa era de que as obras tivessem início em Dezembro de 2018 para inaugurar o hotel em Dezembro de 2020.

O hotel de cinco estrelas terá 128 quartos, deverá chamar-se Montebelo Bordalo Caldas da Rainha Hotel e pretende ligar a hotelaria à cerâmica e à memória do artista do séc. XIX que fundou na cidade a fábrica com o seu nome, a qual ainda hoje perdura e pertence também ao grupo Visabeira. Além da cerâmica, o projecto pretende também tirar partido das termas caldenses, cujo hospital termal está mesmo ao lado, com piscinas interior e exterior e tratamentos com águas termais.

O emblemático edifício que será transformado em hotel foi construído em 1896 por Rodrigo Berquó e pretendia ser uma estância balnear de referência internacional. Contudo, os Pavilhões do Parque, como passaram a ser conhecidos, acabaram por nunca ter essa função. Foram centro de acolhimento de refugiados, quartel do Exército e da polícia e escola do Magistério Primário, secundária e profissional. A sua degradação e risco de queda obrigou a colocar uma vedação em seu redor até poder renascer com novo uso.

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A concessão à Visabeira - após concurso público internacional ao qual só aquele grupo respondeu - teve o voto favorável dos sete elementos do executivo (cinco dos PSD e dois do PS). Os socialistas, porém, levantaram algumas dúvidas acerca de uma eventual privatização do espaço público pois o projecto prevê que a recepção do hotel seja feito pelo antigo casino do Parque D. Carlos I.  A concessão, por 48 anos, estabelece que a Visabeira pague ao município uma renda mensal de 3500 euros. Uma mensalidade, porém, que, tendo em conta o investimento inicial do grupo, só começará a ser paga cinco anos após a abertura da unidade hoteleira.

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