Surto de ébola na RD Congo já matou 43 pessoas e infectou mais de 100

Em menos de 100 dias já foram detectados mais de uma centena de casos em Mbanaka. O anterior surto de ébola, no Leste do país, foi declarado extinto a 25 de Junho.

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RD Congo declarou fim de surto de ébola no Leste e declarou outro no Oeste Reuters/ZOHRA BENSEMRA

O surto de ébola no Oeste da República Democrática do Congo (RD Congo) já matou 43 pessoas em pouco mais de 100 infectados, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que se mostra preocupada com a evolução deste novo surto.

Este surto do vírus foi declarado no passado dia 1 de Junho, na cidade de Mbanaka, onde vivem mais de um milhão de pessoas. O vírus espalhou-se por localidades remotas na província do Equador, ao longo de mais de 300 quilómetros de floresta densa e poucas estradas, o que dificulta o acesso dos profissionais de saúde.

“Com 100 casos de ébola em menos de 100 dias, o surto na província do Equador está a evoluir de forma preocupante”, alertou, na sexta-feira, Matshidiso Moeti, directora da OMS para África. “O vírus está a propagar-se num terreno vasto e acidentado, que requer intervenções com maiores custos”, acrescentou.

No final do passado mês de Junho, a RD Congo anunciou o fim de um surto no Leste do país que, ao fim de dois anos, tinha causado a morte de 2200 pessoas e cerca de 3500 infectados – o segundo mais grave, a seguir ao que devastou a África Ocidental entre 2014 e 2016, causando a morte de mais de 11.300 pessoas. Segundo o ministro da Saúde congolês, Eteni Longondo, o surto no Leste do país foi o “mais longo, mais complexo e mais mortífero” na história da RD Congo.

Mas, praticamente ao mesmo tempo que declarava o fim de um surto, o país via a situação a agravar-se no Oeste. O surto em Mbanaka já se espalhou a 11 das 17 províncias da região e o número de casos mais que duplicou nas últimas cinco semanas.

Apesar das campanhas de vacinação em curso e dos tratamentos disponíveis, as equipas de saúde estão a ter dificuldades em actuar, não só devido a questões geográficas, mas também financeiras.

Segundo a AFP, o Ministério da Saúde da RD Congo pediu uma ajuda financeira no valor de 34 milhões para combater o ébola no país. A OMS já mobilizou mais de 2,3 milhões, mas sublinha que é necessária mais ajuda.

“Sem apoio extra, as equipas no terreno vão ter dificuldades para se anteciparem ao vírus”, alertou Matshidiso Moeti.

A campanha de vacinação no Oeste do país tem também sido dificultada pelo facto de algumas áreas serem controladas por grupos armados. Acresce que, há duas semanas, os profissionais de saúde em Mbandaka estiveram em greve durante três devido à falta de pagamento nos salários e das faltas de perspectivas profissionais, bloqueando o acesso aos testes em laboratório.

“Isto é preocupante, porque quanto mais tempo um doente passa sem tratamento, menos hipóteses tem de sobreviver e mais tempo o vírus tem para se espalhar na comunidade”, acrescentou Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS.

A taxa de mortalidade do ébola varia entre 25% e os 90%. A doença foi descoberta no Zaire (hoje RD Congo) em 1976 e é transmitida por contacto directo com sangue e fluidos corporais. Os sintomas são febre alta repentina, dores musculares, na cabeça e na garganta, bem como vómitos e diarreia.

Além do Ébola, a RD Congo enfrenta ainda surtos de cólera e malária, sem esquecer a pandemia de covid-19 – o país regista, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, mais de 9800 infecções por SARS-Cov-2 e pelo menos 251 mortos.

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