Mais de 50 sites de órgãos de comunicação social bloqueados na Bielorrússia

A Associação Bielorrussa de Jornalistas denunciou os bloqueios dos sites que cobrem há semanas protestos que exigem a demissão do presidente bielorrusso.

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O bloqueio dos sites não travou os protestos LUSA/STR

Num sinal do aumento da repressão na Bielorrússia, foram bloqueados 50 sites de órgãos de comunicação social que cobrem os protestos que exigem a demissão do Presidente Alexander Lukashenko. Mas há mais protestos convocados para este domingo e no sábado houve manifestantes nas ruas.

A Associação Bielorrussa de Jornalistas denunciou os bloqueios dos sites, que incluíram o portal na internet da Rádio Liberty e a Belsat, um canal de televisão por satélite financiado pela Polónia. A gráfica estatal também não imprimiu dois jornais independentes de topo, o Narodnaya Volya e o Komsomolskaya Pravda, justificando ter sofrido uma avaria de equipamento.

Centenas de mulheres vestidas de branco formaram uma cadeia humana em Minsk no sábado, como forma de protesto. “Ameaças, intimidação, bloqueio já não funcionam. Centenas de milhares de bielorrussos estão a dizer-lhe de todos os cantos e praças que se vá embora”, disse à agência Associated Press (AP) Anna Skuratovich, uma das mulheres participantes na cadeia.

Os manifestantes dizem estar cansados do declínio do nível de vida do país e estão particularmente descontentes com a forma como o governo de Lukashenko tem gerido a pandemia do coronavírus, bem como com décadas de repressão política.

“Lukashenko não pode propor nada a não ser lágrimas pela URSS e proibições”, disse à AP Tatian Orlovich, que participava nos da noite de sábado. 

Lukashenko tem acusado o Ocidente, nomeadamente os Estados Unidos, de estar por detrás dos protestos e a NATO de destacar forças para perto da fronteira ocidental da Bielorrússia, acusação que a Aliança Atlântica já negou.

O líder bielorrusso, de 65 anos, reiterou este sábado a acusação durante uma visita a um exercício militar na região de Grodno, junto às fronteiras da Polónia e da Lituânia.

“Vejam que já deslocaram para aqui o ‘presidente alternativo'”, disse o chefe de Estado bielorrusso, referindo-se à candidata da oposição, Svetlana Tikhanovskaia, que se encontra exilada na Lituânia. “O apoio militar é evidente [como mostra] o movimento das tropas da NATO para as fronteiras”.

Pouco depois, Lukashenko falou a uma manifestação de vários milhares de apoiantes em Grodno, onde ameaçou encerrar fábricas que ainda estão em greve a partir de segunda-feira. As greves atingiram algumas das principais empresas do país, incluindo fabricantes de veículos e de fertilizantes, um golpe para uma economia largamente controlada pelo Estado, que se debate com graves problemas há anos.

Na sexta-feira, as autoridades bielorrussas ameaçaram os manifestantes com acusações criminais, numa tentativa de impedir os protestos, e convocaram vários activistas da oposição para serem interrogados no âmbito de uma investigação criminal à criação de um conselho destinado a coordenar uma transição de poder na antiga república soviética de 9,5 milhões de pessoas.

A crise na Bielorrússia dura desde as eleições de 9 de Agosto, em que o Presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, recebeu 80% dos votos, de acordo com os resultados oficiais, que o mandatam para um sexto mandato.

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