PIB do Reino Unido cai 20,4% no segundo trimestre

Pandemia provocou o maior declínio trimestral desde que se começou a fazer registos comparáveis em 1955. A economia encolheu mais do que em qualquer outro país do G7 durante o segundo trimestre.

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Reuters/TOBY MELVILLE

O Reino Unido entrou na pior recessão registada, com uma queda do PIB no segundo trimestre de 20,4% em comparação com o primeiro trimestre, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística do país. Em comparação com o período homólogo, o PIB caiu 21,7%.

O jornal britânico The Guardian indica que é maior declínio trimestral desde que registos comparáveis começaram a ser efectuados em 1955.

Já no primeiro trimestre a economia tinha declinado 2,2%, mas os novos números mostram como o PIB britânico sofreu com a pandemia de covid-19 e os respectivos bloqueios, apesar de o governo de Boris Johnson ter resistido durante muito tempo a impor o confinamento. Segundo os dados do gabinete de estatística, “em comparação com o último trimestre de 2019, o Reino Unido caiu 22,1%”.

A evolução da economia britânica representa uma queda “ligeiramente inferior aos 22,7% registados em Espanha” mas um declínio de “mais do dobro da queda de 10,6% do PIB dos Estados Unidos durante este período”. O Reino Unido sofreu, no segundo trimestre, a maior quebra face às economias dos países que compõem o grupo das economias mais desenvolvidas (G7).

Rishi Sunak, ministro das finanças, disse que “os números de hoje confirmam que os tempos difíceis são uma realidade”, avança o The Guardian.

Todos os sectores da economia registaram quedas no segundo semestre, de acordo com os dados divulgados. Os serviços sofreram uma quebra de 19,9%, a produção (por exemplo, a indústria transformadora) caiu 16,9% e o sector da construção diminuiu 35%. O jornal britânico indica que a resposta ao novo coronavírus apagou 17 anos de crescimento económico em apenas dois trimestres.

As despesas das famílias e das empresas também caíram à medida que as restrições do confinamento forçaram as pessoas a ficar em casa.

No entanto, a economia voltou a recuperar em Junho (crescimento de 8,7% do PIB face a Maio), ainda que não o suficiente para compensar os meses anteriores. “Houve uma flexibilização faseada das restrições de confinamento entre Maio e Junho, incluindo a reabertura de lojas não essenciais. Isto reflecte-se nos últimos números, que mostram alguma recuperação em Junho”, explica o gabinete de estatística.

“A economia começou a recuperar em Junho, com a reabertura de lojas, fábricas a começar a aumentar a produção e a construção de casas a continuar a recuperar. Apesar disso, o PIB em Junho continua um sexto abaixo do seu nível de Fevereiro”, disse Jonathan Athow, profissional de estatística no gabinete.

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