Porto

Manifestação contra o racismo: "Bruno Candé?", "Presente!"

Cerca de 200 manifestantes reuniram-se este sábado na Avenida dos Aliados, no Porto, no segundo dia de manifestações contra o racismo.

Paulo Pimenta
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Paulo Pimenta

Às 16h de uma tarde de sábado, reunia-se no Porto, no cimo da Avenida dos Aliados, um círculo de pessoas com máscara posta, liderado pela voz de Navváb Aly Danso, blogger e activista que criou o evento “Justiça para Bruno Candé”, na sequência do homicídio do actor na Avenida de Moscavide, depois de tiros disparados alegadamente por um homem de 76 anos. Esta é a quarta vez que os movimentos contra o racismo saem à rua este ano.

Espalhados pelo círculo, os manifestantes exibiam cartazes com mensagens convictas: “A verdade dói, a violência dói”, “Nós estamos aqui”, “Negar o racismo é racismo”, “Portugal, ‘pai incógnito’ do Ultramar”. Entre gritos colectivos de “Racistas, fascistas, não passarão!” e “Nós estamos aqui”, foram várias as vozes que se fizeram ouvir através de um megafone, contando histórias pessoais do racismo que é vivido em Portugal.

Uma dessas histórias é a de Mariana Modesto, uma jovem de 17 anos que revela ter perdido “três anos de escola” por causa do bullying que sofria por ser “preta”, a palavra que surge estampada na t-shirt de Navváb Aly Danso. Ao mudar de escola, Mariana conta ter “superado” os traumas sofridos, mas a luta ainda só agora começou: “Eu estou cansada de viver com medo”, desabafa, relatando que o pai trabalha em França, “de segunda a sexta, sem descanso”, recebendo “o salário de um branco que trabalha quatro horas”. Já o avô, foi assassinado na Guiné, “a sua terra, o país que amava”, lamenta.

Navváb Aly Danso partilha com o PÚBLICO que toda a manifestação consistiu numa tentativa de “reunir forças e partilhar a injustiça que é Portugal, um país que negam ser racista”. “Este acto violento trouxe-nos à rua”, salienta, “mesmo em tempos de pandemia, é importante para nós”. Navváb diz ser vítima de racismo nos “transportes e nos serviços de atendimento público” através de “olhares” e de “faltas de respeito”.

No final da manifestação, ergueram-se punhos no ar — brancos, pretos, de todas as cores —, depois de, sempre que gritado o nome “Bruno Candé” pelo megafone, todas as vozes se juntarem em uníssono para exclamar: “Presente!”.

Paulo Pimenta
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