Robô da NASA já está a caminho de Marte para procurar sinais de vida

É o terceiro lançamento a partir da Terra rumo a Marte nos últimos 15 dias. O robô da NASA vai aterrar no planeta vermelho em Fevereiro de 2021 para recolher provas da existência de vida.

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Descolagem do foguetão esta quinta-feira com a missão espacial com destino a Marte JOE SKIPPER/Reuters
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Ilustração do robô Perseverance NASA/JPL-Caltech/Reuters

Nos últimos 15 dias descolaram da Terra três voos em direcção a Marte. Primeiro foi uma sonda baptizada com o título de um poema que, traduzido, significa algo como “Perguntas ao Céu”, depois foi um robô chamado Esperança e agora foi a vez de um novo veículo com o nome “Perseverança ser lançado rumo ao planeta vermelho. O robô da NASA Perseverance foi lançado esta quinta-feira e vai recolher amostras de rochas em Marte depois de pousar no solo em Fevereiro de 2021, se tudo correr bem. A missão do robô ficará completa só em 2031 quando (e se) as amostras recolhidas chegarem à Terra.

O robô da NASA partiu para Marte a bordo do foguetão Atlas V, que foi lançado da base espacial de Cabo Canaveral, na Florida, às 12h50 de Lisboa. Ao contrário de outras operações deste tipo, o sucesso do lançamento da missão Marte 2020 não teve direito a abraços e festejos efusivos. Mas, em tempo de pandemia, provou-se que, apesar de todos os constrangimentos e das adaptações que foi necessário fazer, a vida continua na Terra e os projectos de exploração espacial não foram prejudicados.

A missão da agência norte-americana tem como objectivo recolher amostras de rochas do planeta vermelho e, se o plano se cumprir com sucesso, será a primeira a conseguir trazer para Terra uma prova da vida em Marte. Este lançamento ocorre poucos dias depois de os Emirados Árabes Unidos terem enviado, a 19 de Julho, a sonda Hope do Centro Espacial Tanegashima (no Japão) com o objectivo de estudar a atmosfera de Marte. A China também está nesta corrida marciana após ter lançado, a 23 de Julho, a sonda Tianwen-1 do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang (na ilha da Hainan) que, tal como a Perseverance, deverá chegar ao destino a Fevereiro de 2021 e leva consigo instrumentos científicos para analisar o clima e o ambiente magnético​. 

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O robô Perseverance em Dezembro de 2019 no Laboratório de Propulsão a Jacto, em Pasadena, na Califórnia NASA/JPL-Caltech

O plano da viagem espacial planeada pela NASA e que começou esta quinta-feira prevê que o robô chegue a 18 de Fevereiro de 2021 ao solo de Marte, onde deverá pousar “são e salvo” na cratera Jezero, onde há 3500 milhões de anos terá existido um lago e um delta (foz de rio). Espera-se que este local – que foi escolhido após cinco anos de discussão – guarde as marcas da existência de vida microbiana no planeta.

Mais tarde, muito mais tarde, estas amostras, que se espera que sejam diversificadas o suficiente para responder a muitas das grandes perguntas que existem sobre Marte, serão depois recolhidas por um equipamento desenvolvido pela Agência Espacial Europeia (ESA) enviado a Marte com a missão de as trazer para Terra.

O trabalho de recolha de provas da vida passada em Marte pelo Perseverance deverá resultar na recolha de cerca de meio quilo de amostras. Para as suas viagens em solo marciano, o robô da NASA será o primeiro a ser alimentado com plutónio-238.

A operação que começou esta quinta-feira só termina realmente quando o robô chegar ao solo de Marte, em 2021. Depois falta o resto da missão com a chegada do veículo Sample Return, em Agosto de 2028, que vai receber as amostras recolhidas. A viagem de regresso à Terra dos vários tubinhos com amostras vai começar em 2031 com chegada prevista na Primavera de 2032. Com este calendário, a NASA arrisca-se a ser “ultrapassada” pelo Japão, que quer fazer mais ou menos o mesmo, mas em menos tempo. O Japão planeia enviar uma missão robótica para Marte em 2024 para extrair amostras da superfície do planeta e transportá-las para a Terra em 2029.

Para as suas operações e manobras no terreno, o Perseverance está equipado com seis rodas, um braço robótico e vários instrumentos científicos, nomeadamente o equipamento necessário para tirar fotografias e recolher sons do cenário que estará à sua volta. Além da recolha de provas da vida passada em Marte e do meio quilo de amostras, há outros propósitos nesta viagem espacial – alguns simbólicos como a viagem até Marte do nome de quase 11 milhões de pessoas de todo o mundo que seguem em três microchips.

Este é um dos passos que a agência espacial norte-americana inclui no seu caminho até Marte que deverá culminar com o envio de astronautas até ao planeta vermelho e que a NASA planeia para a década de 2030, logo após o prometido regresso à nossa Lua em 2024.

Quando, daqui a sete meses, o Perseverance aterrar em Marte terá companhia. Por ali, andam também robô Curiosity, que procura igualmente sinais de vida microbiana em Marte, e a sonda InSight. Esta quinta-feira, o robô partiu da plataforma a bordo do foguetão Atlas V com o céu azul e pouco vento, aproveitando com sucesso a primeira oportunidade de lançamento prevista pela equipa do projecto. A “janela de oportunidade” fechava-se a 15 de Agosto, quando as condições deixam de ser favoráveis a este tipo de operações, e só voltaria a abrir-se daqui a 26 meses.

 Ao sinal “Go Atlas, go Mars 2020”, o foguetão foi lançado e todas as diferentes etapas de lançamento foram cumpridas com sucesso. Bastaram cerca de quatro minutos para atingir uma velocidade de 11.000 quilómetros por hora. Quem fez questão de seguir o lançamento acompanhou as várias fases da operação, e nos últimos minutos as imagens apresentavam uma animação gerada por dados reais. Ao mesmo tempo, os comentadores da NASA ilustravam esta jogada espacial com léxico do futebol americano em que a Terra seria o lançador, o Atlas o braço que lança a bola, o robô seria a bola e Marte o receptor. A marcação do ponto desta longa jogada da NASA só pode ser celebrada em Fevereiro de 2021, quando se assistir à entrega de Perseverance no solo de Marte.

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