SAD do Aves solicita Processo Especial de Revitalização em tribunal

A SAD acumula três meses seguidos de vencimentos em atraso, responsáveis por dez rescisões unilaterais de atletas.

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Aves pediu PER em tribunal Sergio Azenha

A administração da SAD do Desportivo das Aves, clube despromovido à II Liga, solicitou na última sexta-feira a adesão a um Processo Especial de Revitalização (PER) junto do Tribunal da Comarca de Santo Tirso.

O requerimento pode ser consultado no portal Citius, aplicação que concentra informação sobre o sistema judicial português, e foi distribuído no mesmo dia em que a Polícia Judiciária fez buscas no estádio do clube e nas habitações de Wei Zhao e Estrela Costa, presidente da SAD e accionista da empresa gestora dos nortenhos.

De acordo com o Artigo 17.º - A do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, o PER tem “carácter urgente” e permite “ao devedor que, comprovadamente, se encontre em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja susceptível de recuperação, estabelecer negociações com os respectivos credores de modo a concluir um acordo conducente à sua revitalização”.

A administração do Aves pretende negociar em tribunal com os 32 credores a reestruturação de todas as dívidas num único plano de pagamento, tendo em vista a necessidade de apresentar até esta segunda-feira os documentos para licenciamento exigidos pela Liga de clubes, sob pena de falhar a participação na II Liga da próxima temporada.

A SAD acumula três meses seguidos de vencimentos em atraso, responsáveis por dez rescisões unilaterais de atletas, apesar de o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol ter arquivado dois processos associados às dívidas salariais entre Dezembro de 2019 e Fevereiro de 2020 e de Março a Abril.

História com vários episódios

Os nortenhos vêm de uma semana atribulada, na qual a administração começou por ameaçar a falta de comparência aos últimos dois desafios da época, diante de Benfica (0-4) e Portimonense (0-2), antes de assistir à rebocagem dos dois autocarros e ao arresto de outros bens que se encontravam nos gabinetes da sociedade anónima no estádio.

Apesar das advertências do agente de execução para que nada fosse levado dos gabinetes, Wei Zhao e Estrela Costa levantaram uma série de pastas e documentos e abandonaram o estádio em duas viaturas pessoais por volta das 13h00, sob olhar da Guarda Nacional Republicana e perante os protestos de quase meia centena de adeptos.

O arresto de bens decorreu das 09h00 às 18h30 e foi pedido pela Engimov, a quem foi adjudicada sem concurso a construção do centro de estágios avense, cuja primeira pedra foi lançada a 17 de Setembro de 2016 e tinha conclusão prevista para o início de 2018.

O investimento inicial de 3,6 milhões de euros (ME) previa três campos de futebol, balneários, estruturas de apoio e uma unidade hoteleira de 50 quartos, mas a empreitada está parada há vários meses e o terreno redundou num amplo descampado.

De acordo com uma investigação do PÚBLICO, apesar de o relatório e contas da SAD do Aves mostrar pagamentos na ordem dos 1,5 ME, a construtora sediada em Vila Verde exige uma verba em atraso superior a 400 mil euros.

Wei Zhao garantiu que os serviços jurídicos do Aves iam avançar com um processo na justiça contra a Engimov, até que surgiu esta penhora de bens, dois dias depois de a direcção de António Freitas ter apresentado uma acção judicial no Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a requerer a destituição dos órgãos sociais da SAD.

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