Mais uma rescisão no Aves. Guarda-redes Aflalo já não defronta o Benfica

O guarda-redes brasileiro é o oitavo jogador a rescindir com o último classificado da I Liga.

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LUSA/OCTÁVIO PASSOS

O guarda-redes brasileiro Raphael Aflalo rescindiu de forma unilateral com o Desportivo das Aves, devido a três meses de salários em atraso, anunciou, nesta terça-feira, o ex-jogador do último classificado da I Liga.

“Infelizmente, tive de tomar a decisão de rescindir o meu contrato, porque estou há três meses sem receber o meu salário. Não é a primeira vez que esta situação acontece. A minha esposa está grávida e não tive outra opção, até porque não compactuamos com a atitude da direcção”, informa o jogador, em comunicado publicado nas redes sociais.

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Gostaria de agradecer ao CD Aves pelo tempo que estive vestindo essa camisa, foi o clube que me abriu as portas aqui na Europa e na Primeira Liga, e agradeço também a torcida, que sempre apoiou o time nas competições que entramos em campo. Aqui conquistei a Liga revelação e Taça Revelação na temporada passada e fui eleito o melhor guarda redes da competição. Porém, infelizmente tive que tomar a decisão de rescindir meu contrato porque estou há três meses sem receber meu salário. Não é a primeira vez que essa situação acontece, como alguns já sabem, minha esposa está grávida e não tive outra opção, tomamos essa decisão porque não compactuamos com a atitude dessa direção. Minha torcida pelo clube será eterna.

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Aflalo, de 24 anos, jogou cinco partidas pela formação do concelho de Santo Tirso, à qual chegou há um ano, oriundo do Mirandela, e é o oitavo atleta a desvincular-se do Desportivo das Aves alegando salários em atraso, tal como fizeram também o guarda-redes francês Quentin Beunardeau e o avançado brasileiro Welinton Júnior em Abril.

“Gostaria de agradecer ao CD Aves pelo tempo que enverguei esta camisola. Foi o clube que me abriu as portas aqui na Europa e na I Liga. Agradeço também aos adeptos, que sempre apoiaram a equipa quando entrávamos em campo. O meu apoio ao clube será eterno”, termina a nota do vencedor da Liga e da Taça Revelação em 2018/19.

O defesa Jonathan Buatu, os médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e o avançado Kevin Yamga desvincularam-se nas últimas duas semanas pelos mesmos motivos, reduzindo o leque de opções da formação orientada por Nuno Manta Santos, que recebe esta terça-feira o Benfica, às 21h15, no Estádio do CD Aves.

A administração da SAD liderada pelo chinês Wei Zhao informou no domingo que não iria comparecer ao duelo com as “águias”, devido à anulação da apólice de seguro de acidentes de trabalho, que a direcção do clube, presidida por António Freitas, desbloqueou um dia depois, além de ter assegurado duas baterias de despistagem à covid-19.

“A situação dos seguros está resolvida e o clube assumiu-a. Há mais duas ou três situações, de montantes mais pequenos, que também estão ultrapassados. Com dizem os treinadores, é jogo a jogo. Com o Benfica quase a 100% que vamos jogar e não falta mais nada. Frente ao Portimonense será outra luta”, referiu aos jornalistas o dirigente.

Aflalo esteve ausente do treino de segunda-feira, tal como o compatriota Cláudio Falcão, médio defensivo e capitão dos nortenhos, que está lesionado, e o avançado iraniano Mehrdad Mohammadi, melhor marcador, com oito golos em 29 jogos, num dia em que venceu o terceiro mês seguido de incumprimento salarial.

O Desportivo das Aves ameaçou na sexta-feira faltar ao jogo no estádio do Portimonense, da 34.ª e última jornada da I Liga, marcado para 26 de Julho, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, uma vez que receia “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva” contra os algarvios.

O lanterna-vermelha deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, com menos um jogo disputado, clubes envolvidos na fuga à descida de divisão.

O Belenenses SAD apresentou na segunda-feira uma participação criminal face à situação, por suspeita de corrupção desportiva, com o presidente Rui Pedro Soares a frisar que “tudo o que se tem passado é contrário aos interesses da Aves SAD” e configura um “crime que, quando praticado por agentes desportivos, tem uma moldura penal de 10 anos de prisão”.

A SAD do Desportivo das Aves foi absolvida em 30 de Junho da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre Dezembro e Março, mas aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de Março e Abril.

O assunto foi remetido da Liga Portuguesa de Futebol Profissional para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol a 9 de Junho, podendo custar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 32 jornadas pelos nortenhos, que confirmaram a despromoção à II Liga em 29 de Junho.

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