Ruben troca-nos as voltas com fotos de “pequenas surpresas perdidas pela cidade”

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Os últimos dois anos foram determinantes para Ruben Marrocos. Fixou-se em Lisboa, tornou-se freelancer a tempo inteiro e, apesar de se focar principalmente no vídeo e na fotografia, partiu para outras áreas do audiovisual, como a "cenografia, iluminação, assistência de produção e som". A mudança e as dicas do colega de casa ("props, Rui Soares!") ajudaram-no a encontrar a estética que mais o "diverte" e a "encontrar imagens que deixem algumas questões na cabeça". Como aquelas que já tínhamos mostrado no P3, em 2018, e que nos faziam perder a noção de onde estava o chão.

O fotógrafo apresenta-nos agora Dissociative Landscapes, uma série que nasceu graças à "sorte" de poder viajar "um pouco pela Europa": passou por Berlim, Roterdão, Amesterdão, Barcelona e, claro, o sítio onde mais fotografa, Lisboa. "Esta série procura reunir numa imagem elementos que criem uma certa ilusão, quer através de padrões, linhas, sombras, ou simplesmente no ângulo que nos faz perder a noção de orientação", enquadra. São o resultado de "muitas horas a explorar o Google Maps antes de uma viagem, ou dos quilómetros feitos a andar de bicicleta". Só assim se podem encontrar "pequenas surpresas perdidas pela cidade" — e trocar as voltas a quem as vê, que deixa de saber onde está o chão e onde está o céu.

"A nível técnico, faço sempre questão de ter todas as linhas o mais direitas possível, com disposições proporcionais e sem distorções (o meu TOC [transtorno obsessivo-compulsivo] agradece), fazendo com que o tempo de edição seja maioritariamente investido no Photoshop, a usar réguas e a fazer zooms de 200%", conta. E, apesar de admitir nunca ter sido "muito bom" a fazer "grandes planos", garante que o prazer que a fotografia de arquitectura lhe dá é algo para manter "por um longo tempo". "Desde que comecei a imprimir as minhas imagens, descobri quão satisfatório é ver as imagens fisicamente e não apenas através de um ecrã." Por isso, na sua cabeça, já está a desenhar uma exposição com esta série. Para nos deixar ainda mais desorientados.