Estender a mão, sim, mas com imensa dignidade

Nós estamos como Gene Kelly. Atrás de nós, e abaixo de nós, temos um regime decadente e um sistema insustentável que vai ao charco a cada sopro. Mas, depois da pedinchice, celebramos com altivez.

Nesta nossa terra somos muitíssimo sensíveis a todos os gestos que possam sugerir o mais leve vestígio de “humilhação nacional”. É um tique frequente de quem é pequenino, sobretudo em palcos internacionais: sobrecompensamos os sentimentos de inferioridade com um excesso de susceptibilidade. Também acontece com os caniches. Em 2012, numa reunião do Eurogrupo, Vítor Gaspar baixou a cabeça para falar com o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble (que estava sentado numa cadeira de rodas) e durante meses não se falou de outra coisa – humilhação!, vergonha!, o governo português dobrado aos alemães! Agora, num encontro com o primeiro-ministro holandês Mark Rutte, em Haia, António Costa fez uma vénia mais pronunciada, e lá veio outra vez o coro – humilhação!, vergonha!, o governo português dobrado aos holandeses!

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