FMI alerta que “ainda não estamos fora de perigo”

Conselho europeu debate a partir de amanhã pacote de recuperação para a UE e G20 reúne-se no sábado. Hoje, Kristalina Georgieva, directora-geral do FMI, recordou que a economia mundial ainda não está livre de uma segunda vaga global da pandemia

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LUSA/MICHAEL REYNOLDS

A crise provocada pela pandemia entrou numa nova fase, que exige flexibilidade para assegurar “uma recuperação sustentável e equitativa”, alertando que o mundo “não está fora de perigo”, defendeu esta quinta-feira a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI).

As declarações de Kristalina Georgieva foram feitas num texto publicado num blogue, citado pela agência de notícias France Presse (AFP), dias antes de uma reunião virtual do G20, presidida pela Arábia Saudita e na véspera dos líderes europeus reunirem durante dois dias o fundo de recuperação da UE, de 750 mil milhões de euros e o novo quadro financeiro plurianual.

No texto, a responsável do FMI anunciou as prioridades: manter, “ou até mesmo alargar”, as medidas de protecção social, continuar a investir dinheiro público para estimular a economia e aproveitar esta “oportunidade única num século” para reconstruir um mundo “mais justo, mais verde, mais sustentável, mais inteligente e acima de tudo mais resistente”.

“Ainda não estamos fora de perigo”, escreveu Georgieva, alertando que uma segunda vaga global da doença poderá levar ao aumento de perturbações na actividade económica. Outros riscos incluem “valores de activos distorcidos, preços voláteis de mercadorias, aumento do proteccionismo e instabilidade política”, avisou.

A responsável da instituição financeira apontou, no entanto, sinais positivos, como os “avanços decisivos na investigação de vacinas e tratamentos [que] poderiam aumentar a confiança e a actividade económica”.

A economista reconheceu ainda assim que “a incerteza” permanece “excepcionalmente elevada”.

Em 24 de Junho, quando publicou as previsões económicas mundiais, o FMI considerou que a recuperação será mais lenta do que o previsto.

As medidas para combater a pandemia paralisaram sectores inteiros da economia mundial e levaram o FMI a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contracção de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão. Para Portugal, a previsão de FMI é de uma queda de 8% do PIB em 2020.

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