Irão diz que avião ucraniano foi abatido devido a erro de ajuste de radar

Falha humana “está na origem de uma sequência perigosa [de acontecimentos] e poderia ter sido dominada se outras medidas tivessem sido tomadas”, diz relatório oficial de Teerão.

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Redes sociais/Reuters

O relatório da aviação civil iraniana conclui que um erro humano relacionado com um mau ajuste do radar militar foi a causa do acidente com o Boeing ucraniano abatido por um míssil em 8 de Janeiro perto de Teerão, provocando 176 mortos.

“Houve uma falha devido a erro humano no acompanhamento do procedimento de calibre do sistema de radar, ‘o erro de 107 graus’, não permitindo mais observar, de forma correcta, a trajectória dos objectos no campo”, indica o relatório publicado no sábado.

A falha “está na origem de uma sequência perigosa [de acontecimentos] e poderia ter sido dominada se outras medidas tivessem sido tomadas”. O avião foi abatido quando estava a descolar, confundido com um ataque de míssil norte-americano.

O regime islâmico demorou três dias a admitir que o aparelho tinha sido atingido pelos seus mísseis, num dia em que o conflito com os EUA escalava após o ataque a bases americanas no Iraque em retaliação pelo assassínio, decidido por Donald Trump, do general Qassem Soleimani. 

Se o assassínio gerou uma indignação com os EUA e uma enorme onda de solidariedade, o abate do avião provocou uma vaga de contestação contra o regime.

De acordo com o documento, apresentado como um “relatório sobre factos” e não como o relatório final de investigação, outros erros ocorreram nos minutos que se seguiram.

Apesar das informações erradas sobre a trajectória da aeronave, o operador do sistema poderia ter identificado o alvo como um avião de passageiros, mas houve “erros de identificação”.

O relatório também refere que o primeiro dos dois mísseis que atingiram o avião ucraniano foi disparado pelo operador de uma bateria de defesa “sem ter recebido uma resposta do centro de coordenação” do qual ele dependia.

O segundo míssil foi disparado 30 segundos depois, tendo em consideração “a continuidade da trajectória do alvo detectado”, acrescenta-se no relatório.

O avião que efectuava o voo PS-752 da Ukraine International Airlines, de Teerão para Kiev, foi abatido em 8 de Janeiro por dois mísseis.

As 176 pessoas a bordo, a maioria das quais iranianas e canadianas, mas também 11 ucranianas (incluindo os nove tripulantes), morreram no desastre.

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