Incêndios: Penacova aposta numa rede de anéis de segurança nas aldeias

Na apresentação, o presidente da Câmara salientou “a necessidade imperiosa de reconversão da floresta”, tendo lamentado as perdas materiais e de vidas humanas que os incêndios de 2017 “acarretaram para as populações do concelho” e da região Centro.

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Sergio Azenha

Para a criação de uma rede de anéis de segurança de protecção das aldeias dos fogos florestais, a Câmara de Penacova vai investir 40 mil euros por ano. O investimento é parte do projecto “Melhor ordenamento, menos risco”, e pretende criar uma protecção para as aldeia dos fogos florestais na próxima década, anunciou esta sexta-feira a autarquia.

No âmbito do projecto, foi já concluída uma experiência piloto em redor do lugar de Sanguinho, freguesia de Penacova, informa em comunicado a Câmara Municipal, presidida por Humberto Oliveira.

“Agora que o anel do Sanguinho está terminado, avançamos para a freguesia do Carvalho. Demos o primeiro passo, mas este é um trabalho que não tem fim, não tem prazo”, afirma o autarca do PS, citado na nota, a propósito da apresentação da iniciativa, na quinta-feira, na presença de representantes de diversas entidades.

Este projecto local de segurança contra incêndios, tirando partido das vias florestais existentes, foi desenvolvido pelo Serviço Municipal de Protecção Civil e conta com o envolvimento dos Bombeiros Voluntários e juntas de freguesia de Penacova, no distrito de Coimbra.

“Fizemos previsões de custos a 10 anos, mas eu diria que daqui a 100 quem cá estiver continuará a fazer anéis de segurança nas nossas aldeias e a mantê-los”, refere Humberto Oliveira, indicando que o projecto avança com “recursos humanos do município e máquinas alocadas” à Associação de Desenvolvimento Regional da Serra do Açor (ADESA), o que se traduz num investimento anual na ordem dos 40 mil euros.

Além da criação e manutenção dos anéis de segurança, o projecto “Melhor ordenamento, menos risco” contempla a aprovação de um “regulamento de apoio aos proprietários de terrenos localizados dentro das faixas de gestão de combustível, que prevê o abate das espécies existentes”, e a preparação dessas parcelas para acolherem espécies autóctones resistentes ao fogo.

“O nosso objectivo é trabalhar em parceria com os proprietários dos terrenos, permitindo-lhes valorizar as suas propriedades, geri-las de acordo com a legislação em vigor, mas obter também algum benefício que permita alavancar a economia rural”, defendeu o presidente da Câmara.

Para Vasco Morais, da Protecção Civil do concelho, o projecto passa por “dar coerência à rede de caminhos florestais existentes, melhorar as acessibilidades, aumentar a segurança no teatro de operações para operacionais e para as populações, e reconverter a floresta dentro dos anéis”, que estarão sinalizados.

Por sua vez, o comandante dos Bombeiros de Penacova, António Simões, disse que o projecto traduz uma estratégia do município que importa “ver replicada em muitas outras localidades”, além de Sanguinho.

António Simões recordou o violento incêndio que assolou a zona, em 2013, e no qual a instituição que dirige perdeu quatro viaturas.

Em 2017, a Polícia Judiciária deteve duas pessoas responsáveis por incêndios em Penafiel e Penacova.

A sessão teve também a presença de representantes da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), GNR, ADESA e Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, entre outras entidades.

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