Governo nega sobrelotação de comboios na Grande Lisboa

CP e Infra-Estruturas de Portugal registaram oito comboios na linha de Sintra com lotação próxima dos dois terços. Possível reformulação dos horários só depois do Verão.

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Miguel Manso

O ministro das Infra-Estruturas diz que a grande maioria dos comboios está a circular muito abaixo da capacidade máxima de passageiros e que não há evidências de que o risco de infecção com o novo coronavírus seja mais elevado no transporte público ferroviário.

“Não temos neste momento um problema de sobrelotação de comboios na Área Metropolitana de Lisboa”, declarou esta segunda-feira Pedro Nuno Santos, que tutela a CP. A empresa pública ferroviária “tem 100% da oferta garantida desde o dia 4 de Maio” e por isso “não se podem acrescentar mais comboios”, disse o ministro. Mas, garantiu, “temos uma lotação, na esmagadora maioria dos comboios, abaixo dos 50% e até abaixo dos 30%”.

Os transportes públicos só estão autorizados a circular com um máximo de dois terços da sua capacidade total, mas o Ministério das Infra-Estruturas diz que esse limite está muito longe de ser atingido nos comboios da CP, quer em Lisboa quer no Porto. Nas horas de ponta da manhã e da tarde, a linha de Sintra regista uma ocupação média de 45% quando o destino é Oriente e 35% quando o destino é o Rossio. Na linha da Azambuja a capacidade utilizada ronda os 30% e na de Cascais fica abaixo dos 30%. Nas várias linhas que convergem para o Porto, a capacidade utilizada anda, em média, abaixo dos 40%.

A Infra-Estruturas de Portugal (IP) registou esta segunda-feira pela primeira vez uma lotação próxima dos dois terços em dois comboios que fazem a ligação entre Marco de Canaveses e o Porto, às 6h13 e às 7h. Na semana passada, na linha de Sintra foram identificados oito comboios quase a atingir esse limite e um circulou com 80% da capacidade, acima dos 66% permitidos, enquanto na linha de Cascais o comboio que sai às 7h do Cais do Sodré também se aproximou dos dois terços de lotação.

“Mesmo que algumas imagens possam transmitir a ideia de comboios sobrelotados, essa não é a realidade”, afirmou Pedro Nuno Santos. O ministro disse que, dentro de dois ou três meses, a IP e a CP já saberão se é possível aumentar a frequência dos comboios suburbanos de Lisboa, nomeadamente na linha de Sintra, que era e continua a ser a mais procurada da região. Este prazo está relacionado com a necessidade de ajustar os horários de todas as composições que usam a linha de cintura – comboios suburbanos, do Norte, de e para o Algarve e de mercadorias.

Três infectados no serviço

O ministro afirmou também que “na maioria das capitais europeias nem sequer foi adoptada uma medida de limitação da lotação”, como em Portugal, mas não adiantou se essa regra vai ser revista. 

Entre os 2200 maquinistas e revisores da CP foram confirmados 9 casos de covid-19, dos quais três estão directamente relacionados com o desempenho de funções. Para o ministro, estes números são importantes para “relativizar” a ideia de que andar de transportes públicos acarreta maiores riscos de infecção. “Nós limpamos os comboios diariamente e, quando é possível, mais do que uma vez por dia”, frisou.

Esta segunda, o BE anunciou que vai pedir ao Governo que ponha todas as carruagens em circulação na linha de Sintra e que reformule os horários de modo a evitar sobrelotações nas horas de ponta. O partido pede ainda que seja criado um complemento rodoviário ao serviço mas Pedro Nuno Santos não vê viável essa opção. “Não temos alternativas fortes aos comboios. Um comboio da linha de Sintra transporta duas mil pessoas e faz a ligação a Lisboa em 40 minutos, um autocarro só transporta 50 pessoas e inevitavelmente tem de vir pelo IC19.”

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